sábado, 1 de agosto de 2009

Manual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
1
Manual das Iniciativas de Transição
- como se tornar uma Cidade em Transição, um
Município, Distrito, Vila, Comunidade ou mesmo
uma Ilha
por Ben Brangwyn e Rob Hopkins
Versão: 26
Status: FINAL
NOTA: este documento é atualizado regularmente. Sua versão pode estar desatualizada. Veja
a última versão em http://transitiontowns.org/TransitionNetwork/TransitionNetwork#primer
Índice
Introdução 3
Por que as Iniciativas deTransição são necessárias 3
Mais sobre o Pico do Petróleo 3
Entrando em ação: o quadro geral – iniciativas a nível global, nacional e local 6
O Modelo de Transição – o que é isso exatamente?. 7
Kinsale 2021 – um plano de ação para o declínio da energia 8
Cidade em Transição: Totnes 9
Outras iniciativas de Transição 11
Como estabelecer sua Iniciativa de Transição – critérios 12
Como estabelecer sua Iniciativa de Transição – diferentes tipos 14
Como estabelecer sua Iniciativa de Transição – estruturas formais e organização 16
Como estabelecer sua Iniciativa de Transição – os sete “mas” 21
Os 12 passos para a Transição 23
O contexo mais amplo da Transição 29
Questões de liderança e estrutura 31
O papel do Governo local 33
Como envolver as empresas 36
Filmes para ampliar a sensibilização 37
Rede de Transição 55
Conclusão 55
Outras leituras 56
Contatos 57ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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Histórico de importantes atualizações
Versao Data Atualizado
11/02 4 de maio de 07 • Arquivado
12 11de maio de 07 • Anexado o capítulo: "Filmes para ampliar a sensibilização"
15 24 de maio de 07 • Anexado "Dinheiro enquanto débito” no capítulo dos filmes
16 19 de junho de 07 • Ampliados os critérios para a discussão com patrocinadores e representantes legais
17 26 de junho de 07 • Ampliada a lista de filmes para incluir os que nos reconectam com a natureza
• Anexado o capítulo do Governo local
18 27 de junho de 07 • Removido o capítulo sobre a comoção pós-petróleo
19 30 de junho de 07 • Anexado o capítulo sobre os negócios (comércio)
• Atualizada a lista das Iniciativas de Transição existentes
20 4 de julho de 07 • Anexada a introdução ao capítulo “Entrar em ação”
21 14 de agosto de 07
• Anexado o capítulo sobre Modelo de Transição (p 9)
• Anexada a inclusão de uma checklist (lista de verificação) (p 13)
• Anexada a escala da checklist (lista de verificação) (p 13)
• Anexado um link para o YouTube dos vídeos sobre os “12 Passos” (p 21)
• Anexado o capítulo "O contexto mais amplo da Transição " (p 21)
• Anexados "Crude Awakening" (“Um bruto despertar”) e "The Great Warming" (“O grande
aquecimento”) aos filmes (p 30)
• Versão 21a – anexada a explicação sobre os critérios
22 20 de setembro de 07
• Anexada a citação de Andrew McNamara (p 6)
• Atualizados os critérios (p 13)
• Anexado "Como estabelecer sua Iniciativa de Transição "– diferentes tipos (p 14)
• Anexado " Questões de liderança e estrutura" (p 25)
• 22a – retificados os critérios sobre treinamento em Totnes/GB
23
23a
23b
5 de novembro de 07
• Anexado capítulo sobre diferentes espécies de sociedades e organizações (p 16)
• Pequenas Mudanças no Modelo de Transição
• Atualizado o capítulo "Como criar um plano para o declínio de energia " (p 26)
• 23a – anexados os "indicadores de resiliência" e explicações (p 26)
• 23b – atualizados os acordos sobre licenciamento de “Uma verdade inconveniente” (p 41)
24 29 de novembro de 07 • Anexados critérios para “centros regionais” no capítulo sobre diferentes tipos de iniciativas (p
14)
25 10 de janeiro de 08
• Anexados pontos ao capítulo sobre sociedades e organizações (p 16)
• Anexados filmes: "What A Way To Go" (“A senhora e seus maridos”) e "Message in the
Waves" (“Mensagem nas ondas”) – o filme que inspirou a cidade de Modbury a erradicar as
sacolas de plástico (dadas no comércio)
• Atualizado (simplificado) o capítulo EDAP, anexado um fluxograma à explicação (p 28)
26 23 de abril de 08
• Atualizado “Escape from Suburbia” (sem título em português) no capítulo de filmes (p 44)
• Atualizado o capítulo sobre os Centros Locais de Transição (p 15)
• Anexada a Declaração Universal dos Direitos Humanos aos critérios e notas de
reorganizações (p 13)
• Anexado “Garbage Warrior” (“Guerreiro do lixo”) aos filmes (p 44)
• Atualizados os critérios e centros (p 15)ഊManual das Iniciativas de Transição
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Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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Introdução
Em resposta ao duplo desafio do Pico do Petróleo e da Mudança Climática, algumas comunidades
pioneiras na Grã-Bretanha, Irlanda e outras localidades assumiram uma abordagem integrada e
inclusiva para reduzir suas pegadas de carbono e aumentar sua capacidade de resistir à mudança
fundamental que acompanhará o Pico do Petróleo.
Este documento traz uma visão geral dessas iniciativas de transição para um futuro de baixo uso de
energia e de níveis mais altos de resiliência comunitária.
Este documento teve origem na Rede de Transição (Transition Network), uma instituição criada
recentemente para que se possa edificar algo em cima do trabalho pioneiro (revolucionário) de
Kinsale, Totnes e outras localidades que adotaram o modelo de Transição.
Nossa missão é inspirar, informar, apoiar, formar redes e treinar comunidades que cogitem adotar e
implementar uma Iniciativa de Transição. Estamos desenvolvendo uma grande variedade de
materiais, cursos de treinamento, eventos, ferramentas e técnicas, recursos e uma ampla
capacidade de apoio para ajudar essas comunidades.
Estamos nos momentos iniciais, portanto, temos um longo caminho pela frente. Mas entendemos
que a tarefa é gigantesca e vamos dar tudo o que podemos. Um financiamento recente de Tudor
Trust nos deu uma estrutura sólida para nosso trabalho.
Por que as Iniciativas de Transição são necessárias
Os dois desafios mais difíceis para a humanidade no início deste século XXI são a Mudança
Climática e o Pico do Petróleo. O primeiro tem boa documentação e muita visibilidade na mídia. O
Pico do Petróleo, no entanto, ainda não foi detectado pela maioria das pessoas. Mesmo assim, o
Pico do Petróleo - prenúncio de uma era de declínio constante na disponibilidade de combustível
fóssil – será um desafio à estabilidade econômica e social essencial para aliviar os riscos trazidos
pela Mudança Climática.
As iniciativas de transição atualmente em curso na Grã-Bretanha e outros países representam a
maneira mais promissora de engajar pessoas e comunidades em ações de longo alcance
necessárias para aliviar os efeitos do Pico do Petróleo e da Mudança Climática.
Além disso, esses esforços de “relocalização” são destinados a tornar vidas mais plenas, mais
socialmente conectadas e mais justas.
Mais sobre o Pico do Petróleo
Você pode não ter encontrado os princípios do Pico do Petróleo na mídia. Não deixe que isso o
acalme levando a um falso senso de segurança. Houve um tempo em que a Mudança Climática
sofria da mesma falta de exposição.
O Pico do Petróleo não se refere a um esgotamento do petróleo – nunca ficaremos sem ele. Sempre
haverá um pouco no subsolo: difícil de ser atingido ou que requeira muita energia para ser extraído.
Reflita sobre um fato que os economistas convenientemente evitam falar: independente de quanto
dinheiro pode-se ganhar vendendo petróleo, quando tiverem que gastar um barril de petróleo para
extrair um barril de petróleo, a exploração, a perfuração e o bombeamento vão diminuir
gradativamente até cessar.
O Pico do Petróleo se refere ao fim do petróleo barato e abundante, ao reconhecimento de que a
crescente quantidade de petróleo bombeada para nossas economias chegará a um pico e então
inexoravelmente declinará. Refere-se à compreensão de como o nosso modo de vida industrializado
é absolutamente dependente do sempre crescente fornecimento de petróleo barato.ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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Desde o início do século XX, o petróleo abundante permitiu que a sociedade industrializada à base
do carvão acelerasse maciçamente seu “desenvolvimento”. A partir de então, a cada ano tem mais
petróleo (com exceção das duas crises de petróleo nos anos 1970, quando o Oriente Médio levou o
mundo a uma recessão global). E, a cada ano, a sociedade aumenta sua complexidade, sua
mecanização, sua interconexão globalizada e seus níveis de consumo de energia.
Os problemas começam quando tivermos extraído cerca de metade do petróleo recuperável. Nesse
ponto, a extração do produto vai encarecer (em termos de dinheiro e de energia), ele brotará mais
lentamente e terá qualidade inferior. Nesse ponto, pela primeira vez na História, não seremos mais
capazes de aumentar a quantidade de petróleo extraído, refinado e distribuído ao mercado.
Nesse ponto, o fornecimento de petróleo estagnará e depois declinará, com maciças conseqüências
para as sociedade industrializadas. Bem poucas pessoas estão prestando atenção a esse fenômeno
e é fácil compreender por quê.
A enganosa analogia do tanque de petróleo
A maioria de nós um dia já ficou sem gasolina enquanto dirigia e isso pode nos deixar sutilmente
mal informados sobre nossas expectativas a respeito do esgotamento do petróleo.
O padrão é simples. Seu carro roda suavemente quando você usa gasolina, até as últimas gotas de
um litro – quando o tanque já está cerca de 97% vazio. Este é o único momento em que você
começa a sentir o impacto do seu “esgotamento de combustível”. O carro começa a vibrar e a andar
aos trancos, o que lhe informa que deve agir rapidamente ou ele vai parar.
Este padrão significa que podemos ignorar o medidor de gasolina até quase o fim do ciclo de
esgotamento.
A maneira como o esgotamento do petróleo afeta a sociedade industrializada, no entanto, não pode
ser mais diferente. O ponto-chave não é o momento em que você está quase sem gasolina. É
quando o tanque está meio cheio (ou meio vazio). Isso porque …
De volta ao Pico do Petróleo
O Pico do Petróleo admite que ainda não estamos perto de ficar sem o combustível. Estamos, no
entanto, perto de ficar sem o petróleo abundante e fácil de conseguir. Muito perto. Isso significa que
estamos prestes a entrar em um declínio de energia – um período prolongado em que, a cada ano
que passa, teremos menores quantidades de petróleo para abastecer nosso industrializado modo de
vida.
Os conceitos-chave e as conseqüências disso são os seguintes:
• de todos os combustíveis fósseis, não há outro que tenha densidade energética e que seja tão
fácil de transportar como o petróleo.
• sempre crescentes quantidades de petróleo abasteceram o crescimento das economias
industriais.
• todos os principais elementos das sociedades industriais – transporte, produção industrial e de
comida, aquecimento doméstico, construção – são totalmente dependentes do petróleo.
• compreender o padrão de esgotamento dos campos de petróleo é fundamental. Há um padrão
coerente nos índices de extração de petróleo – e isso se aplica a campos individuais, a uma
região petrolífera, a um país ou ainda a todo o planeta -, isto é, a primeira metade do petróleo é
fácil de ser extraída e tem alta qualidade. Uma vez que cerca da metade do petróleo recuperável
tenha sido extraída, no entanto, as extrações seguintes começam a se tornar mais caras, mais
lentas, consomem mais energia e o petróleo tem qualidade inferior.ഊManual das Iniciativas de Transição
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• este padrão significa que o fluxo de petróleo para o mercado, que tem crescido regularmente
nos últimos 150 anos, chegará a seu ponto máximo, ao pico. Depois disso, cada ano verá um
decréscimo nesse fluxo, assim como um acréscimo no risco de interrupções de fornecimento.
• um grupo cada vez maior de especialistas em petróleo independentes e geólogos calculou que
o pico vai ocorrer entre 2006 e 2012 (alguns anos de observação retrospectiva serão
necessários para que se confirme o ponto de pico).
• avanços tecnológicos na extração e prospecção de petróleo terão apenas um pequeno efeito
nos índices de esgotamento. Um exemplo: quando os Estados Unidos (baixa em 48) atingiram
seu pico de produção de petróleo em 1972, os níveis de esgotamento nas décadas seguintes
subiram, independente da importante onda de inovações tecnológicas.
É difícil avaliar o que isso significa para nossas vidas, nos países desenvolvidos.
Para compreender o quanto isso afetará o mundo industrializado, aqui temos o parágrafo de abertura
do resumo de um relatório preparado para o governo dos EUA em 2005, por uma agência de
especialistas em gerenciamento de riscos e análise de petróleo:
"O apogeu da produção mundial de petróleo representa para os EUA e para o mundo
um problema sem precedentes no gerenciamento de riscos. À medida que o apogeu se
aproxima, os preços do combustível líquido e a volatilidade dos preços aumentarão
substancialmente e, sem uma intervenção oportuna, os custos econômicos, sociais e
políticos não terão precedentes. Existem opções de intervenções viáveis tanto no
abastecimento como na demanda, mas para conseguir um impacto substancial, elas
devem ser iniciadas mais de uma década antes de alacançar o pico." Peaking of World
Oil Production: Impacts, Mitigation & Risk Management. (Pico da Produção Mundial de
Petróleo: Impactos, Mitigação e Gerenciamento de Risco) Robert L. Hirsch, SAIC
Este relatório só se tornou público depois de ter ficado escondido pela administração americana
durante quase um ano. Uma leitura atenta das conseqüências de longo prazo do relatório dão uma
clara indicação do motivo pelo qual o governo estava tão interessado em mantê-lo longe do público.
Apesar da negativa dos governos, suas agências e empresas petrolíferas de que exista um
problema, tanto a Chevron como a Total (dos EUA) admitiram que estamos no fim da era do petróleo
barato.
Jeremy Gilbert, ex-engenheiro-chefe de petróleo da British Petroleum, disse o seguinte, em maio de
2007:
“Eu espero ver o pico em algum momento antes de 2015… e índices de declínio de 4 a 8%
ao ano “.
Muitos senadores americanos, em especial o republicano Roscoe Bartlett, estão levantando o
assunto no Senado.
Na Nova Zelândia, Jeanette Fitzsimmons, uma das líderes do Partido Verde, vem chamando a
atenção sobre as ameaças do Pico do Petróleo. Em 2006, Helen Clark, primeira-ministra da Nova
Zelândia, disse que
“…o preço do petróleo está muito alto provavelmente porque não estamos muito longe do
apogeu da produção, se já não estivermos lá“.
Na Austrália, o parlamentar Andrew McNamara dirige a força-tarefa chamada de “Queensland Oil
Vulnerability” (Vulnerabilidade do Petróleo em Queensland). Ele foi recentemente indicado ministro
para a Sustentabilidade de Queensland. A Mudança Climática está à frente da iminente divulgação
do relatório oficial do governo sobre “A vulnerabilidade de Queensland na questão dos preços do
petróleo”. Ali ele fala sobre a importãncia da “relocalização”, diante do esgotamento do petróleo:
"Não há dúvida alguma de que as soluções locais conduzidas pela comunidade serão
essenciais. É aí que o governo certamente terá um papel de prestar assistência e apoio às
redes locais, com o fornecimento localizado de alimentos, combustíveis, água e empregos
e das coisas de que precisamos do comércio. Foi uma das afirmações do primeiroഊManual das Iniciativas de Transição
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discurso que fiz sobre o assunto, em fevereiro de 2005… que iríamos ver uma
´relocalização` nos modos de vida que nos lembraria não o século passado, mas o
anterior. E isso não é ruim. Sem dúvida, uma das respostas mais econômicas e eficientes
é a promoção do consumo local, da produção local e da distribuição local. E há
conseqüências positivas em termos de um melhor conhecimento de nossas comunidades.
Eu aguardo ansiosamente testemunhar o crescimento dos benefícios humanos e
comunitários a partir das redes locais". O ilustre Andrew McNamara, ministro para a
Sustentabilidade, a Mudança Climática e Inovações de Queensland.
Mas, à parte algumas exceções notáveis, as lideranças nacionais não têm se adiantado para
enfrentar esses problemas de maneira significativa. Por enquanto.
Então, se as lideranças políticas não vão resolver o problema, quem vai?
A tecnologia é freqüentemente elogiada como a panacéia para os problemas do Pico do Petróleo e
da Mudança Cimática. No entanto, uma análise meticulosa da realidade dessas soluções
tecnológicas indica sua imaturidade com freqüentes conseqüências desastrosas para o meio
ambiente e sua falta de conexão com o mundo real.
Incapazes de decidir, podemos esperar que a tecnologia ou os governos resolvam o problema para
nós. Mas parece ser consenso geral que esta é uma opção de alto risco.
Cabe a nós, em nossas comunidades locais, assumir uma posição de liderança nesse campo.
Temos de nos ocupar AGORA para atenuar os efeitos do Pico do Petróleo. A boa notícia é que
muitas das soluções e das mitigaçoes para a Mudança Climática podem também responder às
ameaças do Pico do Petróleo – e vice-versa.
Entrando em ação: o quadro geral – iniciativas a nível global, nacional e local
As Iniciativas de Transição são um exemplo do princípio de como pensar globalmente e agir
localmente. Entretanto ponderamos qual seria a diferença que você pode fazer em sua própria
comunidade quando os problemas são gigantescos.
Bem, antes de mais nada, antes mesmo de levar em conta a diferença que sua comunidade faz,
lembre-se de que sempre que fizer este tipo de trabalho, estará inspirando outras pessoas. Elas
então resolvem encarar o desafio e inspiram outras mais. E assim por diante. Dessa forma, sua
pequena contribuição pode se multiplicar muitas, muitas vezes e se tornar muito importante.
Também é bom saber que há projetos para enfrentar os desafios do Pico do Petróleo e da Mudança
Climática a nível global e nacional. Iniciativas de Transição complementam esses projetos ao
assegurar que as mudanças necessárias na maneira como vivemos o dia-a-dia podem realmente ser
postas em prática.
Algumas das principais iniciativas são:
Global
• o Protocolo sobre o Esgotamento do Petróleo estabelece uma maneira de as nações
administrarem o declínio para uma utilização do petróleo em menor escala em colaboração umas
com as outras. O protocolo estabelece um modelo tanto para os países produtores como para
consumidores de petróleo para reduzir sistematicamente o consumo global. Mais informações
podem ser encontradas no site (em inglês) www.oildepletionprotocol.org .
• o plano de Contração & Convergência (NT: o plano de ‘Contraction and Convergence’ do
Global Commons Institute, http://www.gci.org.uk/ baseado no Reino Unido, clama por ‘direitosഊManual das Iniciativas de Transição
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iguais’ compartilhados globalmente, entre cada homem, mulher e criança, de modo que pessoas
mais pobres possam vender tais direitos aos mais ricos – convergindo assim a reduções de CO2
mais igualitárias) oferece um mecanismo para reduzir as emissões globais de carbono e
estabelecer níveis mais elevados de igualdade entre o direito de pessoas e nações de emitir
carbono. Uma boa fonte de informações está no site (em inglês)
http://www.climatejustice.org.uk/about/
Nacional
Métodos de racionamento de energia parecem conter a promessa maior de redução do nosso
consumo de combustível fóssil em nível nacional. O governo já está fazendo tentativas de abordar
esta solução altamente prática. A história completa está no site (em inglês): www.teqs.net .
Local
É aqui que as Iniciativas de Transição têm um papel importante. Em resumo, trata-se de um
processo de “relocalização” de todos os elementos essenciais de que a comunidade precisa para se
sustentar e prosperar. Elas desenvolvem a resiliência local diante dos efeitos potencialmente
danosos do Pico do Petróleo, enquanto reduzem significativamente a pegada de carbono da
comunidade. Desta forma, enfrenta tanto o Pico do Petróleo como a Mudança Climática.
Muitas cidades nos EUA e mais de cem comunidades em todo o mundo estão deflagrando suas
próprias jornadas de “relocalização”. Em um nível municipal, por exemplo, a cidade de Portland, no
Estado americano de Oregon (população: 550 mil habitantes), acaba de divulgar seu primeiro
relatório sobre o Pico do Petróleo para consulta pública. O primeiro parágrafo mostra suas
preocupações:
"Nos últimos anos, surgiram evidências convincentes que deixam dúvidas sobre a hipótese
(de que o petróleo e o gás natural continuarão abundantes e disponíveis) e sugerem que a
produção mundial tanto de petróleo como de gás natural está provavelmente perto de
alcançar seu apogeu em breve. Esse fenômeno é conhecido como o ‘Pico do Petróleo’.
Diante do aumento contínuo da demanda por esses produtos e do papel fundamental que
eles exercem em todos os níveis de atividades sociais, econômicas e geopolíticas, as
conseqüências serão colossais".
Portland na verdade incorporou o Protocolo sobre o Esgotamento do Petróleo em suas metas – ele
propõe reduzir o consumo de petróleo e gás em 2,6% por ano, alcançando uma redução de 25% em
2020.
Aqui na Grã-Bretanha, um número cada vez maior de comunidades observa o plano de redução de
consumo de energia que começou em Kinsale, na Irlanda, e continua em Totnes, em Devon.
Há muitos ótimos exemplos de programas de redução de energia em operação na Grã-Bretanha sob
a bandeira da sustentabilidade. No entanto, só quando os princípios da sustentabilidade se juntam à
compreensão da Mudança Climática é que pode ser alcançada uma abordagem totalmente
integrada.
O Modelo de Transição – o que é isso exatamente?
O Modelo de Transição é uma ampla série de princípios e práticas do mundo real que foram criadas
ao longo do tempo através da experiência e observação de comunidades à medida que avançavam
no desenvolvimento da resiliência local e na redução das emissões de carbono.ഊManual das Iniciativas de Transição
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Há mais detalhes sobre cada um destes pontos no Manual, mas, por enquanto, poderá ajudar se os
resumirmos aqui.
Atenção básica
Apoiar o Modelo de Transição é reconhecer os seguintes pontos:
• Mudança Climática e Pico do Petróleo exigem ação imediata
• a vida com menos energia é inevitável e é melhor ter um plano do que ser pego de surpresa
• a sociedade industrial perdeu a resiliência para ser capaz de lidar com os impactos de energia
• temos que agir em conjunto e agir agora
• diante da economia mundial e de seus padrões de consumo, se aplicarmos as leis de física,
veremos que o crescimento infinito de um sistema finito (como o planeta Terra) simplesmente não é
possível.
• nós mostramos níveis incríveis de ingenuidade e inteligência na trajetória ascendente da energia
nos últimos 150 anos, e não há motivo por que não possamos usar essas qualidades e outras,
quando tivermos de negociar o caminho descendente do alto da montanha de enegia
• se planejarmos e agirmos em tempo hábil, e usarmos nossa criatividade e cooperação para soltar o
gênio de nossas comunidades locais, poderemos construir um futuro bem mais pleno e rico, mais
conectado e mais gentil com a Terra do que os modos de vida de hoje.
Os 7 "Mas"
Quando tiver de encarar a perspectiva de mudanças difíceis e ações desafiadoras, os humanos vão
construir barreiras emocionais e psicológicas que os impedirão de agir. Os “7 Mas”” dão nome e
derrubam as barreiras mais comuns à mudança.
Os 12 passos para a Transição
Estas são as áreas mais críticas nas Iniciativas de Transição. As comunidades têm adotado esses
passos, adaptando-os e reordenando-os conforme seus contextos.
Esta não é uma lista rígida do que “tem de ser feito”. É o que vimos que funciona através de exame
minucioso e do que vivemos nós mesmos com as Iniciativas de Transição. Num determinado
momento certamente haverá mudanças, à medida que aprendermos mais sobre como as
comunidades podem lidar de maneira mais eficiente com os desafios da Mudança Climática e do
Pico do Petróleo.
Rede de Transição
O papel da Rede de Transição é acelerar a mudança através de inspiração, encorajamento, apoio,
estabelecimento de uma rede e treinamento de comunidades que então implementarão sua versão
do modelo.
Kinsale 2021 – um plano de ação para o declínio da energia
O primeiro esboço do Plano de Ação para o Declínio da Energia de Kinsale (Energy Descent Action
Plan, ou EDAP) ficou pronto em 2005. Ele estabelece de que maneira Kinsale, uma cidade irlandesa
de West Cork, de cerca de 7 mil habitantes, pode completar a transição de um alto consumo deഊManual das Iniciativas de Transição
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energia para um baixo consumo, como resposta ao desafio do iminente apogeu da produção mundial
de petróleo.
Este relatório, preparado por estudantes de permacultura da Faculdade de Kinsale Further
Education, sob a direção de Rob Hopkins, apresenta uma proposta de como a cidade pode navegar
em tempos de incerteza ao estabelecer uma visão clara do futuro com menos energia e identificar
um cronograma para atingi-lo.
Estes esforços foram uma das primeiras tentativas desse tipo de projeto em todo o mundo. O
relatório aborda a maior parte dos aspectos da vida em Kinsale, inclusive alimentação, energia,
turismo, educação e saúde. Ele foi elaborado de maneira a permitir que outras comunidades e
cidades possam adotar um processo semelhante de transição para um fututo de menos energia.
O EDAP venceu o prestigioso prêmio Roll of Honour de 2005, do Fórum Ambiental de Cork e, mais
que isso, foi adotado formalmente através da votação unânime da Conselho da Cidade de Kinsale no
fim de 2005.
É bom lembrar que trata-se de um projeto de estudantes, que trabalharam com uma abordagem
totalmente nova. Há muito a ser feito para torná-lo um projeto duradouro com raízes profundas na
comunidade, mas já é um grande começo.
As lições tiradas de Kinsale levaram a 12 passos, delineados mais adiante neste documento.
O documento pode ser baixado do site (em inglês):
http://transitionculture.org/wp-content/uploads/members/KinsaleEnergyDescentActionPlan.pdf.
Cidade em Transição: Totnes
A Cidade em Transição de Totnes começou com Rob Hopkins para enfrentar o duplo desafio do Pico
do Petróleo e da Mudança Climática. A iniciativa se apoiou no trabalho original de Rob na Irlanda ao
desenvolver o Plano de Ação para o Declínio da Energia para a cidade de Kinsale.
A Cidade em Transição de Totnes (em inglês: Transition Town Totnes, ou TTT) é a primeira Cidade
em Transição britânica e conta com a capacidade coletiva da comunidade local de desenvolver
resiliência através de um processo de “relocalização”, onde for viável, de todos os aspectos da vida.
A idéia por trás da TTT é simplesmente uma cidade que usa menos energia e recursos que
normalmente consumiria pode se tornar, desde que adequadamente planejada e estruturada, mais
resiliente, mais abundante e mais harmoniosa do que antes.
Com os prováveis contratempos à frente, derivados do Pico do Petróleo e da Mudança Climática,
uma comunidade resiliente – que seja autosuficiente em relação à maior parte de suas necessidades
– estará infinitamente mais bem preparada que as demais, com sua total dependência dos sistemas
altamente globalizados de alimentação, energia, transporte, saúde e habitação.
Ao longo de 2007, o projeto continuará a desenvolver um Plano de Ação para o Declínio de Energia
em Totnes, estruturando um cronograma a partir do Pico do Petróleo. A TTT se esforça para ser
inclusiva, imaginativa, prática e divertida.
O projeto TTT começou no final de 2005 com um programa intensivo de aumento de conscientização
sobre o Pico do Petróleo e a Mudança Climática. Quando a população já estava suficientemente
preparada, foi dado o pontapé inicial no projeto com o “Lançamento Oficial da Cidade em Transição
de Totnes”, em setembro de 2006, na presença de 350 pessoas na Prefeitura. Desde então, com o
crescente número de apresentações, cursos de treinamento, encontros, seminários, entrevistas,
documentos, blogs e muito trabalho árduo, a iniciativa capturou a imaginação da cidade e vai
progredindo muito bem.ഊManual das Iniciativas de Transição
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Aqui temos um resumo dos eventos, exibições de filmes, workshops, etc, até agora (até junho de
2007):
• exibição de filmes: 8 (com público de até 150 pessoas)
• palestras: 7 (com público de até 350 pessoas) inclusive especialistas como:
o Richard Heinberg ( www.richardheinberg.com )
o Aubrey Meyer (Contraction & Convergence – Contração & Convergência
http://en.wikipedia.org/wiki/Contraction_and_Convergence )
o David Fleming ( www.teqs.net )
o Mayer Hillman (autor e ativista no campo de Mudança Climática)
o “Food and Farming in Transition” (“Alimentos e Plantio em Transição”), um evento lotado no
Dartington Hall, que apresentou Chris Skrebowski, Jeremy Leggett, Patrick Holden e Vandana
Shiva
• eventos: 7 (com público de até 400 pessoas), inclusive:
o o "Grande Lançamento da Cidade em Transição Totnes"
o open-space sobre Alimentos, Energia, Coração & Alma e Habitação
o "Seedy Sunday" (ou “Domingo de sementes”), um evento em que sementes foram
compartilhadas
o open-space do Conselho Municipal no Schumacher College
o “Grandes Propriedades em Transição”, um seminário de um dia de duração para
proprietários de terras avaliarem suas oportunidades em um cenário mais “localizado”
• cursos de treinamento: 10 semanas de aulas noturnas sobre o tema "Skilling Up for
Powerdown" (Aumento de Habilidades para a Diminuição de Energia)
• workshops: Auditoria da Vulnerabilidade do Petróleo (Oil Vulnerability Auditing), com três
empresas locais contratando o serviço
• recursos: lista de alimentos locais
• desafio da água quente solar: conseguir 50 pessoas para se engajar no programa
• projetos-piloto: moeda local (libras de Totnes, aceitas por 20 empresas locais), agora lançada
como parte de um plano maior depois do bem-sucedido plano-piloto, com a impressão de 10
mil notas e mais de 65 empresas e lojas envolvidas
• arquivos da história oral: recuperação de informações com as pessoas que viveram quando
todos tinha um modo de vida com menos gastos de energia
• Capital da Nogueira da Grã-Bretanha: começam os primeiros plantios
• histórias de Transição: trabalho com crianças de escolas para fazê-las pensar sobre um modo
de vida com menos gasto de energia
• Permuta de Jardim: juntar pessoas que têm muita idade para trabalhar em seus jardins com
outras que não têm jardins mas gostariam de trabalhar em algum
O programa de atividades e eventos continua num ritmo semelhante ao longo do verão de 2007.
Além das atividades acima, dez grupos de trabalho têm se reunido regularmente para buscar
soluções mais resilientes de baixa energia para as seguintes áreas: energia, saúde, alimentação,
artes, coração & alma – a psicologia da mudança -, governos locais, economia e modos de vida.
Outros grupos começam a se reunir para completar essa abordagem holística na hora de
desenvolver o plano de resiliência comunitária para Totnes.
Uma atualização do trabalho pode ser encontrada nos sites (em inglês) www.transitionculture.org
(blog de Rob Hopkins) ou www.transitiontowns.org/Totnes .ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
11
Outras Iniciativas de Transição
Aqui temos uma lista de todas as comunidades britânicas que adotaram oficialmente o Modelo de
Transição para aumentar sua resiliência local e reduzir a pegada de carbono (lista em andamento
até 7 de novembro).
A lista está em ordem de adoção.
• Totnes, GB - população: 8,5 mil
• Kinsale, Irlanda - população: 2,3 mil
• Penwith, (Cornualha) - população: 64 mil
• Ivybridge, GB – população: 12 mil
• Falmouth, GB - população: 20 mil
• Moretonhampstead, GB - população: 1,5 mil
• Lewes, GB - população: 16 mil
• Stroud, GB - população: 12 mil
• Ashburton, GB - população: 3,5 mil
• Ottery St. Mary, GB - população: 7,5 mil
• Bristol, GB - população: 400 mil
• Brixton, GB - população: 65 mil
• Forest Row, GB - população: 5,5 mil
• Mayfield, GB - população: 2,5 mil
• Glastonbury, GB - população: 9 mil
• Lostwithiel, GB - população: 2,7 mil
• Forest of Dean, GB - população: 80 mil
• Nottingham, GB - população: 280 mil
• Wrington, GB - população: 2 mil
• Brighton&Hove, GB - população: 250 mil
• Portobello, Edimburgo, GB – população: 10 mil
• Market Harborough, GB – população: 20 mil
• Sunshine Coast, Austrália – população: 260 mil
• West Kirby, GB – população: 13 mil
• Llandeilo, País de Gales
• Bro Ddyfi, País de Gales
• Whitstable, Inglaterra
• Marsden & Slaithwaite, Inglaterra
• Frome, Inglaterra
• Brampton, Inglaterra
• Ilha de Wight, Inglaterra
• Ilha Waiheke, Nova Zelândia
• Orewa, Nova Zelândia
• Dunbar, Escócia
• Rhayader, País de Gales
• Seaton, Inglaterra
• Bath, Inglaterra
• Exeter, InglaterraഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
12
• Ilha de Man
• Canterbury, Inglaterra
• Kapiti District, Nova Zelândia
• Biggar Carbono Neutra, uma cidade em Transição, Escócia
• Presteigne, País de Gales
• Wolverton, Inglaterra
• Leicester, Inglaterra
• Holywood, Irlanda do Norte
• Westcliff-sobre-o-mar, Inglaterra
• Ilhas de Scilly, Inglaterra
• Liverpool Sul, Inglaterra
• Norwich, Inglaterra
Há muitas outras comunidades em contato conosco para elaborar suas próprias Iniciativas de
Transição. Elas podem ser vistas na página (em inglês):
http://transitiontowns.org/TransitionNetwork/Mulling
Estamos esperando que muitas outras apareçam nessa lista de iniciativas oficialmente escolhidas
nos próximos anos.
À medida que criamos um criterioso grupo de comunidades que embarcam em processos de
planejamento de redução de energia, podemos montar uma próspera rede de colaboração em que
as pessoas compartilham suas melhores práticas, ajudando umas às outras a criar um modo de vida
muito melhor que a sociedade pulverizada, desconectada, insustentável e injusta em que nos
tornamos, em grande parte apoiada no superabundante petróleo barato.
Como estabelecer sua Iniciativa de Transição - critérios
Organizamos um plano com um conjunto de critérios que nos dizem se a comunidade está pronta para
embarcar nesta jornada rumo a um futuro de baixo uso de energia. Se você estiver pensando em
adotar um Modelo de Transição para a sua cidade/comunidade, dê uma olhada nesta lista e faça uma
avaliação honesta de onde vocês se situam com relação a cada um dos pontos. Se houver
disparidades, elas podem lhe mostrar onde se concentrar ao começar a mobilizar energia e contatos
em torno da iniciativa.
Introduzimos esta abordagem um pouco mais formal para registrar Cidades ou Vilas em Transição por
diversos motivos fundamentais:
• Nossos diretores legais e patrocinadores querem ter certeza de que, quando estimulamos projetos
embrionários, só promovemos “oficialmente” as comunidades que acreditamos estarem prontas para
passar ao estágio de aumento de conscientização. Esse status confere outros níveis de apoio, como
palestrantes, treinamento, wiki e fóruns que estamos produzindo
• Para estabelecer programas coordenados (tais como propostas de financiamento através da Loteria
Nacional), precisamos de uma categoria formalmente estabelecida de Iniciativas de Transição que nos
dê total confiança de que podemos apoiá-las e implementar tais programas.
• Já vimos ao menos uma comunidade paralisada porque não havia a correta atitude mental ou um
grupo adequado de pessoas, e que não compreendeu de verdade para onde se dirigia.
• As categorias “Iniciativa de Transição Local”, “Centro de Transição Local” e “Centro Temporário de
Transição” são diferentes e devem ser discutidas desde o início (ver abaixo).ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
13
Critérios
Estes critérios se desenvolvem o tempo todo e não são, é claro, verdades indiscutíveis.
1. uma compreensão de que o Pico do Petróleo e a Mudança Climática andam lado a lado (deve
estar escrito nos estatutos do grupo ou nos documentos administrativos)
2. um grupo de quatro ou cinco pessoas dispostas a assumir papéis de liderança (não apenas o
enorme entusiasmo de uma única pessoa)
3. ao menos duas pessoas da equipe principal prontas para fazer o curso inicial de treinamento de
dois dias. Inicialmente isso será em Totnes e, ao longo do tempo, nós o estenderemos a outras
regiões, inclusive internacionais. O Treinamento em Transição é baseado na Grã-Bretanha por
enquanto, mas isso terá que ser alterado – estamos trabalhando nisso.
4. uma conexão potencialmente forte com o governo municipal
5. uma compreensão inicial dos 12 passos (ver abaixo)
6. o compromisso de pedir ajuda quando necessário
7. o compromisso de atualizar regularmente a presença na rede de sua Iniciativa de Transição –
tanto em wiki (um espaço de trabalho em cooperação na internet que será disponibilizado para você)
como em seu próprio site
8. o compromisso de escrever alguma coisa no blog das Cidades em Transição uma vez a cada dois
meses (o mundo estará observando...)
9. o compromisso – quando estiver em Transição – de seu grupo de fazer pelo menos duas
apresentações a outras comunidades (nas redondezas) que estiverem considerando a possibilidade
de embarcar nessa jornada – uma espécie de “olhem o que foi que fizemos” ou então “foi assim que
aconteceu conosco”
10. o compromisso de redes/conectar com outras comunidades em Transição
11. o mínimo de conflitos de interesses no grupo central
12. o compromisso de trabalhar com a Rede de Transição de modo a fazer solicitações de recursos
a organismos nacionais de patrocínio. Você pode lidar com seus patrocinadores locais como achar
apropriado.
13. o compromisso de lutar pela inclusão ao longo de toda a iniciativa. Estamos cientes de que
precisamos reforçar este ponto como uma resposta às preocupações com relação ao envolvimento
de grupos de extremistas políticos em iniciativas de Transição. Uma forma de fazer isso é o grupo
central declarar explicitamente seu apoio à Declaração dos Direitos Humanos da ONU (resolução
217 A III da Assembléia-Geral, de 10 de dezembro de 1948). Você pode incluir isso em seu estatuto
(quando finalizado), de modo que grupos de extremistas politicos que usem a discriminação como
um de seus valores-chave não possam participar dos grupos de tomadas de decisões em sua
Iniciativa de Transição. Pode haver maneiras mais elegantes de lidar com essa necessidade e há um
grupo na rede explorando como isto poderá ser feito.
14. o reconhecimento de que ainda que todo o seu condado ou região tenham a necessidade de
passar pela Transição, o primeiro lugar para começar é a sua comunidade. Pode acontecer que
eventualmente o número de comunidades em Transição na sua região justifiquem que algum grupo
central ajude com o apoio local, mas isso ocorrerá com o tempo, e não como resultado de uma
imposição. Este ponto é uma resposta a vários casos de pessoas que se precipitam para fazer a
Transição em todo o seu condado ou região em vez de trabalhar na própria comunidade local. Em
casos excepcionais, onde um centro de coordenação ou centro de iniciação tenham de ser
estabelecidos (atualmente em Bristol, Forest of Dean, Brighton&Hove), esse centro será responsável
por garantir que os critérios estejam sendo aplicados a todas as iniciativas dentro de sua região.
Demais responsabilidades por apoio continuo e possível treinamento surgem à medida que as coisasഊManual das Iniciativas de Transição
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Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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se desenvolvem. Outros critérios devem ser aplicados aos centros de iniciação e coordenação – isso
deve ser discutido de pessoa para pessoa.
15. e, finalmente, recomendamos que ao menos uma pessoa da equipe central compareça a um
curso de design em permacultura… isso realmente parece fazer diferença.
Uma vez que consiga demonstrar na Rede de Transição que está integrado e pronto para
deslanchar a jornada de Transição, você abrirá a porta a todos os tipos de apoios, materiais,
espaços na rede, treinamento, oportunidades de trabalho na rede e excelentes iniciativas
coordenadas de levantamento de recursos que continuarão por 2007 e adiante.
A porta está pronta para ser aberta… detalhes de contato no fim deste artigo.
Como Estabelecer sua Iniciativa de Transição – Diferentes Tipos
Parece haver agora quatro tipos de Iniciativas que surgem com o Modelo de Transição:
1. a "Iniciativa de Transição Local" – embutida em seu próprio local, onde o grupo-piloto inspira e
organiza a comunidade local. Este é o verdadeiro coração da Transição.
2. o "Centro de Transição Local" – baseado em uma área congruente/contígua com sua identidade
própria (por exemplo, uma cidade). Ajuda a estabelecer e dar apoio às “Iniciativas de Transição
Locais”.
3. o "Centro de Temporário de Iniciação" – criado a partir do trabalho da união de indivíduos
conhecidos entre si para ajudar a estabelecer as “iniciativas de transição locais” em suas próprias
comunidades. À medida que a iniciativa avança, o centro vai aos poucos se dispersando.
4. o "Centro de Coordenação Regional" – menos uma organização, mais uma coleção de
iniciativas de transição existentes que são reunidas para apoio mútuo e coordenação de atividades
como o compartilhamento de recursos e a representação de uma frente unida diante de vários
órgãos governamentais.
Mais sobre a "Iniciativa de Transição Local"
Esta é a iniciativa mais comum e simples, típica em comunidades de até 15 mil pessoas. Exemplos
disso incluem Totnes, Lewes, Wrington, e Portobello em Edimburgo (Escócia).
É lá que ocorrem as verdadeiras mudanças – em nível local, comandadas por pessoas que vivem lá.
Sem iniciativas locais ativas, não existe Rede de Transição.
Mais sobre o "Centro de Transição Local"
Quando estiver totalmente estabelecido (e, com sorte, financiado), o papel deste grupo será acionar
as iniciativas de transição em seu local determinado (isto é, nas redondezas) e manter a função de
inspirar, encorajar, registrar, apoiar, formar rede e provavelmente treinar as pessoas nessas
iniciativas. O processo de desenvolvimento dessas funções vai levar tempo e não se pode esperar
que os grupos recém-formados (e aqueles que operam sem financiamento) desempenhem todas
elas desde o início.
Nós consideramos que a relação entre o centro e as iniciativas no local será de apoio mútuo e, ao
menos no início, informal. Esperamos que as várias iniciativas do local entrem juntas em uma
robusta rede e sejam de apoio mútuo, ao reconhecer que uma comunidade só é tão resiliente como
são seus vizinhos.ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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Como estamos nos primeiros momentos dessa imensa experiência de transição, essas funções e
modelos vão provavelmente evoluir à medida que a experiência mostre o que funciona e o que não
funciona.
Exemplos atuais de Centros de Transição Locais incluem Tynedale e a Floresta de Dean.
O Centro de Transição Local é também responsável pela condução da “rede de transição” na
localidade, assegurando que cada iniciativa funcione segundo os parâmetros dos critérios de
transição desde o princípio. À medida que iniciativas individuais da localidade amadureçam, o centro
incentivará a aplicação na Rede de Transição para consideração como uma iniciativa oficial de
transição. Ao longo do tempo, esperamos que a função de dar às comunidades status oficial seja
assumida pelo Centro de Transição Local.
O Centro de Transição Local será o ponto de convergência para a comunicação com as iniciativas
locais naquela região.
Se um grupo quiser assumir (a função de) um Centro de Transição Local, nós, da Rede de
Transição, temos de ter certeza de que ele vai realmente se envolver e estará apto a lidar com isso.
O que provavelmente envolverá uma série de conversas e debates cara a cara com a equipe.
Estamos planejando elaborar um grupo de trabalho ligado ao Centro de Transição Local para
debater as complexidades dessa abordagem – que não são poucas.
Pensamos que o modelo deste Centro de Transição Local é fundamental para as cidades e
iniciativas rurais em larga escala, mas os primeiros adeptos terão de avançar cuidadosamente na
tarefa. Trata-se de um território inexplorado e um empreendimento nada trivial... avance com cautela.
Mais sobre o "Centro Temporário de Iniciação"
Este tipo de grupo é formado pela reunião de indivíduos ou outros grupos de localidades distintas na
mesma região, que estão acostumados a trabalhar uns com os outros no âmbito de alguma espécie
de ativismo ambiental.
O grupo se ajuda entre si a acionar as Iniciativas de Transição Locais e depois se dispersa, com os
membros originais se dirigindo a suas próprias Iniciativas de Transições Locais uma vez alcançado
um mínimo de massa crítica para que se forme um grupo-piloto local.
A função de um Centro Temporário de Iniciação é simplesmente lidar com o trabalho de inspiração
com nenhuma responsabilidade contínua enquanto um centro.
West Berkshire e algumas outras estão tentando esta abordagem. Neste cenário, as iniciativas
locais, uma vez iniciadas, buscarão na Rede de Transição apoio para treinamento, etc.
Mais sobre a função do "Centro de Transição Regional"
Está claro que vamos precisar de alguma espécie de estrutura capaz de se engajar com o governo
em todos os níveis – local, regional e nacional.
Este reconhecimento conduziu de certa forma à formação de diversos grupos que pretendem
representar iniciativas de transição já existentes e futuras, em sua “área de represamento”.
Através da observação deste fenômeno e vendo o que funciona bem e o que não funciona, e depois
de debater a situação com várias iniciativas de transição, a Rede de Transição está introduzindo um
breve conjunto de critérios para esta espécie de grupo.
"A Rede de Transição só reconhecerá organizações que representem uma coleção de
iniciativas de transição se:
o elas foram solicitadas por ou surgirem/emergirem a partir de uma importante parte de Iniciativas de
Transição ativas (tanto oficiais como embrionárias) dentro dessa ‘área de represamento’, eഊManual das Iniciativas de Transição
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Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
16
o elas foram organizadas/dirigidas/coordenadas por representantes escolhidos a partir de Iniciativas
de Transição ativas (tanto oficiais como embrionárias) dentro dessa ‘área de represamento’.
Outros critérios sobre objetivo e alcance das atividades vão surgir com a formação desses centros
de coordenação."
Estes critérios vão – nós achamos – produzir um supra-grupo verdadeiramente autêntico, autorizado,
responsável, transparente, informado e devidamente motivado.
Conclusão
Como sempre, estamos lidando com uma festa em andamento e não há dúvida de que precisaremos
manter os olhos abertos em campo e reagir de maneira a ajudar os grupos centrais – as iniciativas
de transição locais – a alcançar seus objetivos-chave.
Como Estabelecer sua Iniciativa de Transição – Estruturas Formais e
Organização
Uma pergunta fundamental surge no início de uma iniciativa: “Que forma deverá ter este grupo ou
organização?”
( Nota do autor : Este é quase que certamente o capítulo mais maçante deste artigo ou documento.
Foi um parto escrevê-lo por causa dos impenetráveis jargões que encontrei nos sites mais
impenetráveis ainda, cheios de regras enroladas e exceções.
Assim, se você está prestes a ler este capítulo – cuidado! A menos que esteja cheio de energia e
entusiasmo, eu garanto que em cinco minutos esse prato de biscoitos que está no seu colo vai cair
no chão e você estará navegando em sonhos de transição.)
Há muitas opções na hora de criar uma organização, cada uma com diferentes exigências e
atributos. Para simplificar, vamos discutir apenas as opções de empresas sociais ou sem fins
lucrativos. Favor observar que este capítulo diz respeito à Grã-Bretanha e certas regras não se
aplicarão a outros países (inclusive a Escócia).
As principais opções são:
• Associação não-incorporada (NT: estatuto de instituição) (não registrada na Comissão de
Instituições Beneficentes ou qualquer outro lugar)
• Instituição Beneficente (todas as demais são registradas na Comissão de Instituições Beneficentes)
o Associação não-incorporada
o Trust
o Compania limitada por garantia (também com registro na Junta Comercial britânica)
o Organização Beneficente Associada (disponível apenas na primavera de 2008)
• Empresa de interesse comunitário
• Cooperativa de trabalhadores
o Não-incorporada
o Sociedade Industrial & de Previdência (registrada no Conselho Britânico de Seguros do Departamento
de Indústria e Comércio)
o Empresa limitada por garantias (registrada na Junta Comercial)ഊManual das Iniciativas de Transição
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Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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A tabela seguinte descreve cada uma com detalhes, listando vantagens e desvantagens. A tabela
seguinte fala de estruturas formais e organização.
Tipo Atributos principais Como estabelecer Notas
Associação
não-Incorporada
(não
beneficente)
• regida por estatutos
• administrada por um
comitê diretor
• não reconhecida
legalmente como
entidade legal
•responsabilidade civil
ilimitada dos membros
e do corpo diretor
• não pode ter
propriedades em seu
nome
•não pode registrar
contratos (isto é,
acordos de aluguel)
•não exige aprovação
ou autorização para
se estabelecer
• redigir os estatutos
(às vezes chamados
de regras)
• se houver uma taxa
para os membros,
você tem a obrigação
de manter uma lista de
membros
Vantagens
• simplicidade e flexibilidade. Não
é necessário que os estatutos
tenham a concordância de
qualquer grupo externo (a menos
que seja registrada como
instituição de caridade).
• barata para administrar. Não é
necessário submeter prestação de
contas a ninguém de fora (a
menos que seja registrada como
instituição de caridade ou que os
financiadores exijam).
• se tiver objetivos caritativos,
pode registrar como instituição de
caridade e ter vantagens como
financiamentos só disponíveis
para essas instituições.
Desvantagens
• alguns financiadores podem
preferir uma estrutura mais formal,
especialmente se estiver
pensando em grandes somas de
dinheiro.
Instituição de
Caridade –
Associação
não-Incorporada
• se a associação não-incorporada
receber
mais do que mil libras
esterlinas por ano e
tiver objetivos
beneficentes, deve se
registrar na Comissão
de Instituições
Beneficentes
• submeter o
formulário de
inscrição e os
estatutos à Comissão
de Instituições
Beneficentes
• pode melhorar de
posição e se tornar
uma instituição
beneficente associada
ou outra, mas exige-se
o registro
• como acimaഊManual das Iniciativas de Transição
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18
Trust
Instituição
Beneficente
Fideicomisso
• normalmente
estabelecida para
administrar o dinheiro
ou propriedade com
objetivos beneficentes
• deve se registrar na
Comissão de
Instituições
Beneficentes
• redigir um contrato
de fideicomisso
• não adequado para
iniciativas de
transição
• não adequado para iniciativas de
transição
Tipo Atributos principais Como estabelecer Notas
Instituição
beneficente –
Organização
beneficente
associada
(CIO)
• disponível apenas
depois da primavera
de 2008
• deve ser registrada
na Comissão de
Instituições
Beneficentes
• não precisa ser
registrada na Junta
Comercial
• meio IDEAL para
Iniciativas de
Transição
• instruções sendo
redigidas atualmente
pela Comissão das
Instituições
Beneficentes
Vantagens
•exigências menos onerosas na
preparação de contas
• exigências menos onerosas para
os relatórios
• uma restituição anual
• atendimento menos oneroso de
exigências
• exigências menos onerosas com
relação a alterações nos estatutos
e administração
• formulários de estatutos mais
simples
• deveres codificados para
diretores e membros de maneira a
refletir a natureza beneficentes da
CIO
Desvantagens
• aparentemente nenhumaഊManual das Iniciativas de Transição
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Empresa de
Interesse
Comunitário
• novo formulário legal
para as empresas
sociais, a partir de 5
de julho
• empresa privada
limitada por ações ou
cotas ou por garantias
• pode ser alterada
diretamente para CIO
• submeter à Junta
Comercial: “Mem &
Arts” – declaração de
interesse comunitário
– uma declaração de
exceção – formulários
comuns de
associação
• o regulador CIC
revisará antes que
seja concedido o
status de CIC
• empresa limitada – com
características especiais
adicionais, criada para o uso de
pessoas que querem manter um
negócio ou outra atividade para o
benefício da comunidade, e não
meramente para vantagem própria
• deve haver um teste de interesse
comunitário e um bloqueio de
ativos, que garanta que CIC foi
estabelecido com objetivos
comunitários e os ativos e lucros
são dedicados a esses fins
• CIC não pode ser uma entidade
beneficente registrada e não terá
os benefícios do status de
beneficente, ainda que os
objetivos sejam inteiramente de
natureza beneficente
•mais informações no site:
www.cicregulator.gov.uk
Tipos Atributos principais Como estabelecer Notas
• sem registro
• regulamentos
aplicados a um grupo
de pessoas que se
chamam de
cooperativa
Vantagens
• rapidez, custo baixo e facilidade
• pode levanter dinheiro
distribuindo ações ou cotas
Desvantagens
• responsabilidades ilimitadas (os
membros podem ter bens
confiscados se a cooperativa
quebrar
Cooperativa
de
trabalhadores
(tem os
seguintes
regulamentos)
• filiação
aberta
• um menbro,
um voto
•investimentos
não devem ter
controle
• dividendos
distribuídos
entre os
afiliados de
maneira justa
• deve incluir
objetivos
educacionais
e sociais
• cooperativas
devem
colaborar
umas com as
outras
• registrada como uma
Associação Industrial
e Previdenciária
• registrado no
Registry of Friendly
Societies (Registro
britânico de empresas
não-lucrativas)
Vantagens
• responsabilidades limitadas
• pode levanter dinheiro
distribuindo ações ou cotas • não
pode deixar de ser cooperativa
Desvantagens
• registro custa entre £350 e £700
• taxas anuais elevadas
• limitações expressas no campo
das atividadesഊManual das Iniciativas de Transição
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• registrada na Junta
Comercial como uma
“empresa limitada por
garantias "
• submeter a Mem &
Arts os artigos à Junta
Comercial com os
formulários habituais
Vantagens
• responsabilidades limitadas
• credibilidade alta junto a outros
comerciantes e banqueiros
• pode levantar dinheiro
distribuindo ações ou cotas
Desvantagens
• pode deixar de ser cooperativa
por decisão dos últimos afiliados
Para outras informações sobre Instituições Beneficentes, veja o site (em inglês) da Comissão
Britânica para Instituições Beneficentes: www.charitycommission.gov.uk
Para mais informações sobre Cooperativas de Trabalhadores, veja os sites e documentos (em
inglês):
• www.radicalroutes.org.uk/documents/wc.pdf
• www.cooperatives-uk.coop
• A Financial Services Authority (autoridade de serviços financeiros) regulamenta as sociedades
industriais e previdenciárias - www.fsa.gov.uk . O capítulo industrial e previdenciário da FSA está
aqui .
Outras leituras sobre empresas de interesse comunitário podem ser encontradas no site (em inglês):
www.cicregulator.gov.uk
A seguinte publicação nos foi recomendada: "Keeping It Legal", da Social Enterprise Coalition:
www.socialenterprise.org.uk/Page.aspx?SP=1982
Documentos administrativos – regras, estatutos e (a declaração) Memorando
& Artigos
Todas as organizações precisam de algum tipo de documento administrativo. Pode ser um conjunto
de estatutos, uma declaração Mem & Arts, ou algumas regras. Algumas pessoas preferem enterrar
um prego na própria cabeça a lidar com isso, mas tem de ser feito, de outra forma não haveria
qualquer referência real para grupos ou organizações. E em muitos casos trata-se de uma exigência
legal. Então encha-se de coragem e dê uma olhada na tabela seguinte. Há links para alguns pontos-chave.
Tipo Administrado por Documentos
administrativos Notas e links
Associação não-incorporada
(não-
beneficente)
• comitê
administrativo
• estatutos (ou
regras)
www.resourcecentre.org.uk
Também há um guia passo a passo
Outro está no site www.voda.org.uk
Instituição
Beneficente –
Associação não-
incorporada
• comitê
administrativo
• estatutos (ou
regras)
Modelo de Estatuto da Comissão de
Instituições Beneficentes
Instituição • não adequada • Modelo de contrato de fideicomisso daഊManual das Iniciativas de Transição
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Beneficente –
Fideicomisso
para Iniciativas
de Transição
Comissão de Instituições Beneficentes
Instituição
Beneficente –
Sociedade
incorporada
• diretoria ou
conselho
administrativo
ou diretores

Modelo de memorando e artigos sobre
associações da Comissão de Instituições
Beneficentes
Instituição
Beneficente –
Organização
Beneficente
Associada (CIO)
• ainda não
disponível
• ainda não
disponível Ainda não disponível
Empresa de
Interesse
Comunitário
• conselho de
diretores
• declaração
Mem & Arts
Atualmente está sendo atualizado no site
www.cicregulator.gov.uk.
Versões anteriores podem ser encontradas
em:
www.cicregulator.gov.uk/memArt.shtml
Cooperativa de
trabalhadores
• os
trabalhadores
ou um comitê
de diretores
eleitos
• declaração
Mem & Arts se
a empresa for
limitada por
garantias
• Regras
Modelos de regras para cooperativas na
Grã-Bretanha:
www.cooperatives-
uk.coop/live/cme574.htm
Você também pode visitar vários sites (em inglês) sobre Iniciativas de Transição
(www.transitiontowns.org ) e observar as diversas formas de estatutos.
Esperamos que os grupos comunitários que se tornaram sociedades formais incorporem seu ethos
(espírito) democrático e inclusivo em seus documentos de fundação.
Mais que isso: se parece haver uma importante semelhança entre as iniciativas, talvez a Rede de
Transição produza um padrão. Nós conseguimos enxergar, no entanto, alguns benefícios no
processo de reunir, cada um, seus próprios estatutos (ainda que seja uma coisa desagradabilíssima
de fazer).
Um ponto que preocupa iniciativas de todo o mundo é o potencial envolvimento de grupos políticos
extremistas. Uma forma de diminuir as chances de que isso aconteça é deixar claro explicitamente
em seus estatutos que você apóia a Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU. Isso
impedirá que pessoas de grupos discriminatórios se tornem membros.
Como Estabelecer sua Iniciativa de Transição – os 7 “Mas”
Se leu até agora este Manual, você deve estar mesmo pensando que a Iniciativa de Transição pode
ser apropriada para a sua comunidade.
A próxima seção (12 Passos) lhe dará um mapa geral para esta jornada, mas antes você terá que
navegar através das barreiras iniciais, reais e imaginárias que aparecem no seu caminho. Nós
chamamos estas barreiras de “Os 7 Mas”.
Mas não temos fundos…ഊManual das Iniciativas de Transição
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Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
22
Isto não é realmente um problema. Levantar fundos é uma desculpa esfarrapada para entusiasmo e
envolvimento com a comunidade – sendo que ambos o levarão a passar pelas primeiras fases de
sua transição. Patrocinadores também podem querer algum tipo de controle e conduzir a iniciativa
para direções contrárias aos interesses comunitários.
Nós mostraremos como pode-se assegurar de que o seu processo gere a quantidade adequada de
fundos. Não estamos falando de fortunas – sua Cidade em Transição não terá ações nas Bolsas de
Valores mas, como me disse o designer de ecovilas Max Lindeggar anos atrás, “se um projeto não
tiver um lucro, terá um prejuízo”.
A Cidade em Transição Totnes começou a trabalhar em setembro de 2005 sem fundos e tem se
autofinanciado desde então. As palestras e exibições de filmes que fazemos levantam dinheiro para
subsidiar eventos gratuitos como os dias de Open Space. Você chegará a um ponto em que terá
projetos específicos que exigirão patrocínio, mas até lá você dará um jeito. Conserve-se no poder se
isso acontecer …não deixe que a falta de financiamento o detenha.
Mas eles não nos deixam…
Há um certo temor entre ecologistas de que qualquer iniciativa bem-sucedida em provocar
mudanças será interrompida, suprimida, atacada por burocratas sem identiddae ou por corporações.
Se esse medo for grande o suficiente para impedir que você aja, se a única coisa que você está
pronto para fazer é abdicar do poder que tem em favor de alguns “eles” imaginários, então
provavelmente você está lendo o documento errado. As Cidades em Transição, por outro lado,
operam “fora do alcance dos radares”, não procuram vítimas nem fazem inimigos. Assim, elas não
parecem despertar a ira de instituições já existentes.
Ao contrário, com as grandes corporações cada vez mais alertas em relação à sustentabilidade e à
Mudança Climática, você ficará surpreso ao ver quantas pessoas que ocupam posições de poder se
entusiasmarão e se inspirarão nesse tipo de ação, e ainda apoiarão e não obstruirão seus esforços.
Mas já há grupos verdes nesta cidade e eu não quero tomar o lugar deles…
Entraremos nesse assunto com mais detalhes no Passo 3, abaixo. Mas, essencialmente, você seria
extremamente azarado se tivesse que enfrentar uma batalha campal. A sua Iniciativa de Transição
deve elaborar um objetivo comum e um senso de propósito para os grupos existentes; sendo que
você pode descobrir que alguns estão um tanto esgotados e vão apreciar muito a nova vitalidade
que chega. Uma ligação com uma rede de grupos já existentes para criar um Plano de Ação para o
Declínio de Energia realça e dá objetivo ao seu trabalho, em vez de apenas fazer uma cópia ou a
substituição de algo existente. Espere que eles se tornem alguns de seus maiores aliados,
fundamentais para o sucesso de sua Transição.
Mas de qualquer forma ninguém nesta cidade se preocupa com meio ambiente…
Pode-se facilmente perdoar quem pensa assim, diante da apática cultura consumidora que nos
cerca atualmente. Mas, logo abaixo da superfície, pode-se descobrir que as pessoas mais
surpreendentes são entusiásticas advogadas de alguns dos elementos-chave das Iniciativas de
Transição – alimentos locais, artesanato local, história local e cultura.
A dica é ir até eles, em vez de esperar que venham até você. Procure o que têm em comum e você
descobrirá que sua comunidade é um lugar bem mais interessante do que pensava.
Mas certamente é tarde demais para fazer alguma coisa…ഊManual das Iniciativas de Transição
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Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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Pode ser que seja tarde demais, mas o mais provável é que não seja. Isso significa que seus
esforços (e dos outros) são absolutamente fundamentais.
Não permita que a desesperança seja uma sabotagem aos seus esforços – como diz Vandana
Shiva: “A incerteza dos nossos tempos não é motivo para se ter certeza da desesperança”.
Mas eu não tenho os requisitos necessários …
Se você não tem, quem terá? Não importa que você não tenha um mestrado em sustentabilidade ou
anos de experiência em jardinagem ou planejamento. O importante é que você se importa com o
local em que vive, que percebe a necessidade de agir e que está aberto a novas maneiras de atrair
as pessoas.
Se houvesse uma exigência de qualificações para alguém que fosse iniciar esse processo, uma lista
de qualidades poderia incluir:
• Ser positivo
• Ser bom com pessoas
• Ter um conhecimento básico do local e de algumas pessoas-chave da cidade.
Isso na verdade é o suficiente. Afinal de contas, você está prestes a projetar seu próprio legado ao
processo desde o princípio (ver Passo # 1), portanto sua função nesta etapa é como um jardineiro
preparando o solo para o jardim, que você pode ou não estar por perto para ver.
Mas eu não tenho energia para fazer isso!
Como diz a citação freqüentemente atribuída a Goethe: "Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia
tem genialidade, poder e magia!" A experiência de dar início a uma Iniciativa de Transição mostra
com certeza que este é o caso. A idéia de preparar seu município (ou cidade, vila, vale ou ilha) para
a vida pós-petróleo pode ter implicações inacreditáveis, mas existe alguma coisa na energia
desencadeada pelo processo de uma Iniciativa de Transição que é incontrolável.
Você pode se sentir esmagado pela perspectiva de tanto trabalho e complexidade, mas vai aparecer
gente para ajudar. Na verdade, muita gente fala das sincronicidades de todo o processo e de como
as pessoas certas aparecem na hora certa. Há alguma coisa que emerge ao assumir aquela
ousadia, do saltar do “por que ninguém faz nada?” para o “vamos fazer alguma coisa” – e isso gera a
energia que faz avançar.
Freqüentemente as iniciativas que visam melhorias ambientais parecem um carro quebrado que
deve ser empurrado ladeira acima: um trabalho árduo, difícil e sem recompensas. Cidades em
Transição são como estar do outro lado – o carro começa a andar mais depressa do que você, e
continua acelerando o tempo todo. Depois que você der o empurrão no alto da ladeira, ele vai
desenvolver seu próprio ritmo. Isso não quer dizer que às vezes não seja difícil, mas é quase sempre
um prazer.
Os 12 Passos da Transição
Estes 12 Passos surgiram da observação daquilo que parece funcionar no início das Iniciativas de
Transição, em particular de Totnes.ഊManual das Iniciativas de Transição
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Isso não quer dizer que sejam de forma alguma rígidos. Cada projeto os reúne de diferentes formas,
acrescenta uns novos, ignora outros. Eles oferecem, no entanto, o que acreditamos ser os
elementos-chave da sua jornada e com sorte vão ajudá-lo nos dois primeiros anos do seu trabalho.
#1. Estabelecer um grupo para a direção e preparar sua dissolução desde o início
Esta etapa põe uma equipe central no lugar certo para levar o projeto à frente nas fases iniciais.
Recomendamos que você forme seu Grupo-Piloto com o objetivo de chegar aos passos 2 a 5, e
acertar que, uma vez formados quatro subgrupos no mínimo (ver #5), o Grupo-Piloto se dispersa e
se restaura com uma pessoa de cada subgrupo. Isso exige um grau de humildade, mas é muito
importante para que o sucesso do projeto fique acima dos indivíduos envolvidos. Seu Grupo-Piloto
deve ser basicamente formado por um representante de cada subgrupo.
#2. Aumento da sensibilização
Esta etapa vai identificar seus principais aliados, montar redes fundamentais e preparar a
comunidade em geral para o lançamento de sua Iniciativa de Transição.
Para que um eficiente Plano de Ação para o Declínio da Energia evolua, seus participantes têm de
compreender os efeitos potenciais tanto do Pico do Petróleo como da Mudança Climática – sendo
que o primeiro tópico exige um esforço para aumentar a resiliência da comunidade, o segundo, uma
redução na pegada de carbono.
A exibição de importantes filmes (“Uma Verdade Inconveniente”, “Fim do Subúrbio”, “Um Bruto
Despertar”, “Power of Community”) junto com painéis de especialistas para responder perguntas ao
final, são muito eficazes. (Ver no próximo capítulo informações sobre todos os filmes – onde comprá-los,
treilers, quais os regulamentos de licenciamento, estilos.)
Palestras dadas por especialistas em Mudança Climática, Pico do Petróleo e soluções comunitárias
podem ser muito inspiradoras.
Artigos em jornais locais, entrevistas a emissoras de rádio locais, apresentações para grupos já
existentes, inclusive em escolas, tudo isso faz parte do arsenal para chamar a atenção das pessoas
sobre os temas e levá-las a começar a pensar em soluções.
#3. Estabelecimento das fundações
Esta etapa tem relação com a formação de uma rede com ativistas e grupos já existentes, deixando
claro que a Iniciativa de Transição é projetada para incorporar seus esforços anteriores e futuras
contribuições ao enxergar o futuro de uma nova maneira. Reconheça e respeite o trabalho deles e
enfatize que eles têm um papel fundamental a desempenhar.
Faça para eles um resumo conciso e acessível sobre o Pico do Petróleo, o que significa, o que tem a
ver com a Mudança Climática, como pode afetar a comunidade em questão e os principais desafios
que acarreta. Compartilhe o que pensa sobre como a Iniciativa de Transição pode agir como um
catalisador que leva a comunidade a explorar soluções e a pensar sobre estratégias de mitigação, a
partir das bases.
#4. Organização de um Grande LançamentoഊManual das Iniciativas de Transição
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Esta etapa marca de maneira memorável o momento do amadurecimento do projeto, o leva para
dentro da comunidade, cria um ritmo que empurra sua iniciativa para diante em direção a um novo
período de trabalho e comemora o desejo da comunidade de entrar em ação.
Em termos de cronograma, calculamos que ocorra entre seis meses e um ano depois da primeira
exibição de filmes para sensibilização.
O Lançamento Oficial da Cidade em Transição Totnes ocorreu em setembro de 2006 e foi
precedido por dez meses de palestras, exibição de filmes e eventos.
Com relação aos temas, seu lançamento deverá trazer pessoas para falar sobre o Pico do Petróleo e
a Mudança Climática, com um espírito de “nós podemos fazer alguma coisa” em vez de pessimista.
Uma coisa que já vimos que funciona muito bem são apresentações que falam das barreiras práticas
e psicológicos à mudança pessoal – afinal de contas, isso tem tudo a ver com o que fazemos
enquanto indivíduos.
Não tem que ser apenas palestras – pode incluir música, comida, ópera, dança no intervalo, o que
você achar que pode refletir melhor a intenção de sua comunidade de embarcar nessa aventura
coletiva.
#5. Formar grupos de trabalho
Parte do processo de desenvolvimento de um Plano de Ação para o Declínio de Energia está ligada
à mobilização da inteligência coletiva da comunidade. É fundamental estabelecer alguns grupos
menores para se concentrar em aspectos específicos do processo. Cada um desses grupos vai
desenvolver seus próprios meios de trabalhar e suas próprias atividades, mas estarão todos sob o
guarda-chuva do projeto como um todo.
Idealmente esses grupos de trabalho serão necessários para todos os aspectos da vida da
comunidade que se sustenta e prospera. Alguns exemplos são: alimentação, lixo, energia, educação,
juventude, economia, transportes, água e governo local.
Cada um dos grupos de trabalho se concentra em sua área e tenta determinar as melhores maneiras
de criar a resiliência comunitária e reduzir a pegada de carbono. Suas soluções serão a espinha
dorsal do Plano de Ação para o Declínio de Energia.
#6. Usar Open Space – Espaço Aberto
Achamos que a Tecnologia do Open Space - Espaço Aberto é uma abordagem altamente eficaz
para as reuniões de Iniciativas de Transição.
Em teoria poderia não funcionar. Um grande grupo de pessoas se reúne para discutir um
determinado assunto ou tema, sem agenda, sem cronograma, sem um coordenador óbvio e sem
redatores das atas.
No entanto, organizamos diferentes encontros de Open Space para alimentação, energia, habitação,
economia e psicologia da mudança. Ao final de cada reunião, cada um terá dito o que queria, tudo
terá sido extensivamente anotado e datilografado, várias conexões estabelecidas e uma enorme
quantidade de idéias terão sido identificadas e visões plantadas.
A leitura fundamental sobre Open Space - Espaço Aberto é de autoria de Harrison Owen: “Open
Space Technology: A User’s Guide” (Tecnologia do Espaço Aberto: Guia de Utilização); mas você
também poderá encontrar no livro “The Change Handbook: Group Methods for Shaping the Future”
(O manual da mudança: métodos de grupo para mudar o futuro), de Peggy Holman e Tom Devane,
preciosas informações sobre uma enorme abrangência dessas ferramentas.ഊManual das Iniciativas de Transição
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#7. Desenvolver manifestações práticas visíveis do projeto
É fundamental que você evite qualquer impressão de que seu projeto seja apenas um clube de
discussões, em que as pessoas se sentam e fazem listas de desejos. Seu projeto precisa, desde o
início, começar a criar manifestações práticas, bastante visíveis, em sua comunidade. Isso vai
intensificar de maneira significativa a percepção das pessoas em relação ao projeto e também sua
disposição em participar.
Durante estas primeiras etapas será difícil encontrar um equilíbrio em um ponto: você terá de
mostrar avanços visíveis, sem embarcar em projetos que não terão ao final lugar no Plano de Ação
para o Declínio de Energia.
Na Cidade em Transição Totnes, o grupo de alimentação lançou um projeto chamado ‘Totnes – a
Capital das Nozes da Grã-Bretanha’ que pretende produzir um número máximo possível de árvores
que produzam nozes comestíveis na cidade. Com a ajuda do prefeito, recentemente plantamos
árvores no centro da cidade, e fizemos disso um evento altamente visível (ver à esquerda).
#8. Facilitar a Grande Recapacitação
Se nossa resposta ao Pico do Petróleo e à Mudança Climática é rumar a um futuro de energia
reduzida e comunidades “relocalizadas”, precisaremos de muitas das habilidades que eram comuns
à época de nossos avós. Uma das coisas mais úteis que uma Iniciativa de Transição pode fazer é
reverter a “grande descapacitação” dos últimos 40 anos oferecendo treinamento para uma ampla
variedade dessas habilidades.
Pesquisar junto aos membros mais idosos de nossas comunidades é bem instrutivo – afinal de
contas, eles viveram antes desta sociedade descartável e entendem como uma sociedade de
energia reduzida pode funcionar. Alguns exemplos de cursos podem ser:
consertos, culinária, manutenção de bicicleta, construção natural, isolamento de sótãos,
tintura, canteiros de ervas, jardinagem, eficiência energética doméstica básica, fazer massa de
pão, plantação de alimentos (a lista é interminável).
Seu programa de Grande Recapacitação dará às pessoas um senso poderoso de realização de suas
habilidades para resolver problemas, alcançar resultados práticos e trabalhar em colaboração com
outras pessoas. Elas também descobrirão que aprender é bem divertido.
#9. Criar uma ponte com o governo local
Seja qual for o grau de crescimento que sua Iniciativa de Transição puder gerar, não importa quantos
projetos práticos você tenha iniciado e quão incrível seja seu Plano de Declínio de Energia, você não
avançará se não cultivar uma relação positiva e produtiva com as autoridades locais. Você precisará
delas para fazer planejamentos, para levantar fundos ou para criar conexões. Ao contrário do que
imagina, você poderá descobrir que está querendo empurrar uma porta já aberta.
Estamos discutindo como redigir o Plano de Ação para o Declínio de Energia em Totnes com um
formato parecido com o Plano de Desenvolvimento Comunitário, já existente. Talvez um dia os
planejadores da Prefeitura possam se sentar em uma mesa com os dois documentos em frente a
eles – um Plano Comunitário convencional e uma bela apresentação do Plano de Ação para o
Declínio de Energia. Em algum momento de 2008 o preço do barril de petróleo cruzou pela primeira
vez a barreira dos 150 dólares. Os planejadores olham um documento e depois o outro e concluemഊManual das Iniciativas de Transição
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que apenas o Plano de Ação para o Declínio de Energia poderá lidar com os desafios que surgem à
nossa frente. E, à medida que o documento avança para uma posição central, o plano comunitário
aos poucos vai escorregando para a lixeira (podemos sonhar!).
#10. Respeitar os idosos
Para aqueles entre nós que nasceram nos anos 60, quando petróleo barato era coisa comum, é
difícil imaginar uma vida com menos petróleo. Todos os anos da minha vida (com exceção da crise
do petróleo nos anos 70) se apoiaram em mais energia do que nos anos anteriores.
Para reconstruir a imagem de uma sociedade com menos energia, temos que nos unir àqueles que
se lembram da transição para a época do petróleo barato, em especial o período entre 1930 e 1960.
Mesmo que você queira claramente evitar qualquer idéia de que está defendendo um retrocesso ou
uma volta ao passado, há muito o que aprender com o jeito como as coisas eram feitas, que
conexões invisíveis ligavam os diferentes elementos da sociedade e como se tocava o dia-a-dia.
Descobrir isso pode ser profundamente esclarecedor e despertar um sentimento de que estamos
muito mais conectados ao lugar em que desenvolvemos nossas Iniciativas de Transição.
#11. Deixar rolar quando for para deixar rolar …
Você pode começar desenvolvendo sua Iniciativa de Transição com uma idéia clara de onde quer ir,
mas mesmo assim inevitavelmente irá parar em outro lugar. Se você tentar se agarrar a uma visão
fixa, ela vai solapar sua energia e você vai patinar. Sua função não é ter resposta para tudo, mas
agir como catalizador da comunidade para planejar sua própria transição.
Se você mantiver o foco nos critérios básicos do design (planejamento) – o desenvolvimento da
resiliência comunitária e a redução da pegada de carbono -, verá como o talento coletivo da
comunidade levará ao surgimento de soluções plausíveis, práticas e altamente engenhosas.
#12. Criar um Plano para o Declínio de Energia
Cada grupo de trabalho tem mantido o foco em ações práticas para aumentar a resiliência
comunitária e reduzir a pegada de carbono.
Essas ações combinadas formam o Plano de Ação para o Declínio de Energia. Assim o talento
coletivo da comunidade planejou o próprio futuro para enfrentar os potenciais desafios do Pico do
Petróleo e da Mudança Climática.
O processo de desenvolver o plano não é tarefa fácil. Ele evolui à medida que descobrimos o que
funciona e o que não funciona.
Rede de Apoio à Transição – Quadro Local de Recursos
Desenvolver um quadro com os recursos locais – existentes e potencial de disponibilidade – será
fundamental para criar um plano de ação realista. Estamos desenvolvendo modelos para ajudar este
processo.
Rede de Apoio à Transição – Cronograma da TransiçãoഊManual das Iniciativas de Transição
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Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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Estamos trabalhando com cientistas de Mudança Climática, ecologistas, analistas de energia e
economistas verdes para montar uma ampla cronologia que nos dê um panorama temporário sobre
o qual redigiremos o Plano de Ação para o Declínio de Energia.
Rede de Apoio à Transição – Indicadores de Resiliência
Estes capítulos introduzem o conceito de “indicadores de resiliência” e isso precisa ser explicado.
Resiliência é a capacidade de um sistema ou uma comunidade de resistir a impactos externos. Um
indicador é a maneira de medir essa resistência.
Normalmente, a principal maneira de medir a redução de uma pegada de carbono é através das
emissões de CO2. Nós acreditamos firmemente, no entanto, que cortar o carbono antes de
desenvolver a resiliência é dar uma resposta insuficiente quando se trata de enfrentar tanto o Pico do
Petróleo quanto a Mudança Climática.
Então como é que você pode dizer que a resiliência da comunidade em questão está aumentando?
Os indicadores de resiliência podem ser os seguintes:
• porcentagem de alimentos plantados no local
• quantidade de moeda local em circulação e a porcentagem com relação à totalidade do dinheiro em
circulação
• quantidade de negócios pertencentes a moradores locais
• distâncias médias percorridas pelos trabalhadores da cidade entre casa e trabalho
• distâncias médias percorridas pelas pessoas que vivem na cidade mas trabalham fora dela
• porcentagem de energia produzida no local
• quantidade de materiais renováveis de construção
• proporção de bens essenciais manufaturados na comunidade ou até uma determinada distância
• proporção de lixo compostável que é realmente usado como compostagem
Alguns indicadores são universais, mas muitos serão específicos do lugar e vão surgir ao longo do
processo de redução de energia. Estamos estudando um conjunto universal de indicadores de
resiliência e vamos publicá-lo na rede quanto estiver pronto.
O Plano de Ação de Declínio de Energia – EDAP (sigla em inglês)
Algumas pessoas das comunidades em transição estão dando a isto o nome de “trajeto” ou “visão” ,
e não “plano”. O que for melhor para você está bem para nós também.
Essencialmente, o plano EDAP vai fazer um quadro da comunidade tão colorido, atraente e
irresistível que qualquer pessoa que não estiver envolvida no seu desenvolvimento vai reconsiderar
o sentido de sua vida.
Ele deve ser feito assim (ao menos, foi até aqui que chegamos ao imaginá-lo):
1. Faça um quadro dos recursos locais: reúna informações de sua comunidade para cada um dos
grupos de trabalho: terras aráveis, opções de transportes, fornecimento de serviços de saúde,
fontes de energia renováveis, capacidade de manufatura de têxteis, materais de construção. Isso
pode ter sido feito nas primeiras etapas de atividade dos grupos de trabalho.
• A Rede de Transição terá modelos disso
2. Crie uma visão para a comunidade para daqui a 15 ou 20 anos: como estará a sua
comunidade daqui a 15 ou 20 anos se reduzirmos drasticamente as emissões de CO2 e o uso
de energia não-renovável e estivermos bem encaminhados no desenvolvimento da resiliência
em todos os aspectos mais importantes da vida.
• A Rede de Transição vai fornecer indicadores de resiliência para ajudar a manter o foco em seu
exercício visionárioഊManual das Iniciativas de Transição
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3. Reconstituir a visão de volta para “hoje”: faça uma cronologia de marcos, pré-requisitos,
atividades e processos que precisam funcionar para as visões serem alcançadas. Os indicadores
de resiliência ajudarão a dar forma a esta etapa.
• A Rede de Transição vai fornecer um amplo Calendário de Transição na Grã-Bretanha para
ajudar neste processo
4. Busque o Plano da Comunidade Local e a Estratégia de Parcerias produzidos pelo governo
local. Esses planos provavelmente terão escalas cronológicas e elementos de que você
precisará.
5. Histórias de Transição: enquanto isso, o grupo de Histórias de Transição está produzindo
artigos, relatos, quadros e representações da comunidade planejada, como chegaremos lá e o
que poderá acontecer no meio do caminho.
6. Crie o primeiro esboço do plano de ação EDAP: junte o plano geral e as histórias de transição
em um bloco coerente e passe-o adiante para que seja revisado e consultado.
7. Finalize o plano EDAP: integre as informações ao plano EDAP. De maneira realística, este
documento (se se tornar um documento) nunca terá a forma “final” – ele será constantemente
atualizado e aumentado, à medida que as condições mudam e as idéias surgem.
Este é um processo vivo e não saberemos o quão próximo estará da realidade até que alguns
grupos tenham passado por ele.
A Rede de Transição está desenvolvendo planos para apoiar este processo fornecendo elementos,
como um conjunto de indicadores de resiliência ou uma ampla cronologia que cubra energia, clima,
alimentos, etc
Vídeos sobre os 12 passos para a Transição
O YouTube tem vídeos de Rob Hopkins apresentando os 12 passos no congresso da Rede de
Transição, em maio de 2007. Eles podem ser encontrados no endereço:
http://www.youtube.com/results?search_query=rob+hopkins+twelve+steps
Se você buscar o mesmo tema, mas sem os “12 passos”, verá uma impressionante coleção de
vídeos de Rob sendo entrevistado por Adrienne Campbell da Cidade em Transição Lewes.
O contexto mais amplo da Transição
Só na Grã-Bretanha e no País de Gales há 11 mil paróquias (distritos eclesiásticos, municípios,
vilas), 60 cidades e um grande número de comunidades rurais que terão de percorrer o caminho do
declínio de energia, tanto ativa como reativamente
Mas junto com essas transições apoiadas em comunidades, cada indivíduo tem de abandonar o
apego ao petróleo e a uma quantidade imensa de práticas ecologicamente devastadoras, e deixar a
complexa teia que o prende ao eterno paradigma do crescimento.
Isso será mais fácil para uns do que para outros, mas nós todos teremos que fazer.
E cada um de nós deverá se aproximar da compreensão sincera de que, se quisermos continuar
vivendo na Terra, teremos de tecer nosso caminho de volta ao tecido do planeta e entender que o
conceito de “os humanos são independentes da Terra” é uma falsa dualidade em que se apóia a
sociedade industrializada, enganosa como uma passagem de ida a um inferno na terra, muito mais
quente do que poderíamos agüentar.
Esta jornada envolve sentir plenamente o peso insuportável da responsabilidade pelo estado das
coisas e a cumplicidade de todos no apoio a esse paradigma insustentável. Para alguns, isso
envolve sentir a dor do planeta, que pode ser esmagadora. Esta jornada para a realização fica mais
fácil de ser percorrida com companheiros viajantes, para que possamos dividir o peso e compartilharഊManual das Iniciativas de Transição
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apoio. Feita a sós, é um caminho solitário – se a pessoa não tiver suficiente apoio emocional, dará
meia volta.
Junte, portanto, alguns corajosos e vá em frente. E quando chegar ao outro lado, mais sábio, mais
resiliente e mais determinado, aja como um guia para aqueles que vierem depois de você, pois eles
terão necessidades ainda maiores que as suas.
Algumas citações que contam a história da Transição mais ampla
“Temos de encontrar uma maneira de viver neste planeta sem fechar os olhos para o que
estamos fazendo.” – Joanna Macy
--------------------------
"Os importantes problemas que temos não podem ser resolvidos no mesmo nível de
pensamento que tivemos quando os criamos." – Albert Einstein
"Nossa tarefa deve ser ampliar nosso círculo de compaixão e abraçar todos os seres vivos e
toda a natureza em seu esplendor." – Albert Einstein
--------------------------
"Antes éramos caçadores-coletores, agora somos compradores-emprestadores." – Robin
Williams, 1990
--------------------------
"Se o mundo tiver de ser curado através dos esforços humanos, estou convencido de que
isso será feito por pessoas comuns, pessoas cujo amor pela vida é ainda maior do que seu
medo. Pessoas que podem se abrir a rede da vida que nos chama à existência." – Joanna
Macy
--------------------------
"Quando vejo um adulto em uma bicicleta, não perco a esperança na raça humana." – H.G.
Wells
--------------------------
“Se a Grande Virada fracassar, não será tanto por falta de tecnologia ou de informações
importantes quanto por falta de vontade política. Quando nos distraímos ou ficamos com
medo, e estamos em desvantagem, é fácil deixar que coração e mente se tornem
insensíveis.
Os riscos que temos à frente neste momento são tão penetrantes ainda que freqüentemente
tão difíceis de enxergar – e dolorosos de enxergar, quando chegamos a olhar para eles -,
que essa insensibilidade acaba atingindo a todos. Ninguém fica imune. Ninguém tem
imunidade contra dúvida, negação ou descrédito sobre a gravidade de nossa situação – e
sobre nossa força para mudá-la. Ainda assim, de todos os perigos que temos diante de nós,
da Mudança Climática às guerras nucleares, nenhum é tão grande quanto o amortecimento
de nossas respostas.
Essa insensibilidade de coração e mente já tomou conta de nós – nas distrações que
criamos para nós enquanto indivíduos e nações, nas brigas que compramos, nos objetivos
que perseguimos, nas coisas que compramos. Vamos então olhar para isso. Vamos ver que
amortecimento é esse e como ele ocorre. Este trabalho (conforme descrito no livro "Coming
Back to Life", ou “De volta à vida”) nos ajuda a acordar desse sono e voltar à vida.ഊManual das Iniciativas de Transição
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Reconectados com nossos mais profundos desejos, então, estaremos prontos para
participar da Grande Virada. Vamos optar pela vida.” – Joanna Macy
--------------------------
Conexão com a Terra – a jornada lírica do átomo do carbono
O carbono é o tijolo do edifício da vida e aqui veremos uma das fases desta interminável jornada,
em uma adaptação de um ensaio de Primo Levi.
Se alguma vez você pensou que estava desconectado com este planeta, este ensaio vai lhe
esclarecer, pois você tem cerca de 700.000.000.000.000.000.000.000.000 (setecentos septilhões)
átomos de carbono no corpo (que representam 10% da massa corporal), sendo que cada um já
executou incontáveis danças, não diferentes desta que vamos ver agora...
"Nosso átomo de cabono se mantém há milhões de anos ligado a três átomos de oxigênio e
um de cálcio, sob a forma de calcário, não muito distante da superfície da Terra.
A qualquer momento, um golpe de picareta pode soltá-lo para levá-lo a uma caieira (forno
de cal), lançando-no no mundo das coisas que se alteram. Ele é assado e, ainda junto a
seus companheiros de oxigênio, é lançado pela chaminé e encontra o caminho do ar. Sua
história, que antes era estática, se tornou tumultuada.
Ele foi apanhado pelo vento, arremessado à terra e lençado a dez quilômetros de altura. Foi
respirado por um falcão, desceu até seus íngremes pulmões, mas não penetrou no sangue
e foi expelido.
Foi dissolvido três vezes pela água do mar, chegou às águas de uma torrente caudalosa e
mais uma vez foi expelido. Viajou com o vento durante oito anos: algumas vezes no alto,
outras, mais baixo, no mar ou entre nuvens, sobre florestas, desertos e a interminável
imensidão do gelo, até tropeçar e cair preso na aventura orgânica.
O átomo de que estamos falando nasceu com o vento perto de uma fileira de videiras. Ele
teve a sorte de se esfregar numa folha, penetrar nela e se fixar ali por um raio de sol.
Agora nosso átomo formou parte de uma molécula de glicose. Viajou da folha para o caule e
dali desceu para um cacho de uvas quase maduras. O que aconteceu depois foi da
responsabilidade dos vinicultores.
O destino do vinho é ser bebido. Quem o bebe fica com a molécula no fígado durante mais
de uma semana, bem enroscada e tranqüila, como uma reserva de energia para um esforço
súbito, uma esforço que terá de fazer no domingo que vem, perseguindo um cavalo em
disparada...
O átomo foi arrastado para fora da corrente sangüínea e foi parar numa minúscula fibra
muscular do quadril... e, depois, como dióxido de carbono, foi expirada e voltou ao ar.
Mais uma vez com o vento, mas desta vez mais longe, ele cruzou os Apeninos e o mar
Adriático, passou pela Grécia, pelo mar Egeu e por Chipre: estamos sobre o Líbano. E a
dança se repete.
O átomo agora penetra e fica preso ao respeitável caule de um cedro, um dos últimos. Ele
pode ficar no cedro até 500 anos, mas vamos dizer que, depois de vinte, uma larva de
caruncho se interessou por ele e o engoliu.
A larva de caruncho se tornou uma pupa e, na primavera, surgiu sobre a forma de mariposa
que agora morre sob o sol, confusa e fascinada pela beleza do dia. Nosso átomo está em
um dos mil olhos do inseto.ഊManual das Iniciativas de Transição
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Quando o inseto morre, ele cai no chão e é enterrado sob a vegetação rasteira da floresta.
Aqui entra em ação o onipresente, incansável e invisível microorganismo do húmus. A
mariposa lentamente se desintegrou e o átomo mais uma vez ganhou asas.
E alçou vôo... até chegar a um momento de descanso na superfície do mar, e então
lentamente afundou. Uma alga marinha de passagem se apropria do átomo para construir a
extremamente delicada concha de carbonato de cálcio. Ele logo morre e desliza até o fundo
do oceano, onde se compacta com trilhões de companheiros e seus átomos de carbono.
Passada uma era geológica, os movimentos da placa tectônica trouxeram esse sedimento -
agora um penhasco cretáceo - para a superfície da terra, expondo nosso átomo mais uma
vez à possibilidade de voar na complexa dança da vida."
Agora olhe para a sua mão – uma cicatriz, talvez, ou uma unha. Pense nisso como menos que uma
mão, mais como um lugar de descanso temporário para incontáveis átomos de carbono. Um lugar
em que eles estão fazendo uma pequena pausa antes de prosseguir na vasta e interminável jornada
que passa pelas profundezas dos oceanos, o céu mais alto, os dinossauros que viveram antes de
você e as criaturas com que nem sonhamos e que virão depois de nós.
Já se sente conectado?
Questões de liderança e estrutura
Líderes, focalizadores, iniciadores, convocadores...
A idéia de liderança é ampla e interessante e teremos muitos debates sobre o tema com pessoas
com uma rica experiência social e organizacional nos campos prático e teórico.
Aqui citamos Chomsky:
"Se a liderança é delegada, monitorada, permutável e recrutável, pode ser um instrumento
útil e até necessário. Mas (deve ser) sempre vista com um olhar crítico". (correspondência,
11/09/07)
O termo “líder”, no entanto, tem conotações tão carregadas que quaisquer conversas sobre o tema
são bastante propensas a desentendimentos e conflitos.
É importante, portanto, criar uma definição absolutamente clara para o termo antes de colocá-lo em
debate.
Antes de tudo, num grupo que funciona bem, qualquer um pode exercer a liderança por um tempo.
Liderança tem a ver com inspirar os outros, tomar iniciativas e ajudar um grupo a encontrar a
direção que quer tomar. Isso pode acarretar algumas das seguintes funções: a de pensador crítico,
uma pessoa de idéias, o mantenedor da harmonia do grupo, motorista, organizador,
integrador/professor, trabalhador de rede externa.
Liderança não necessariamente tem a ver com poder sobre um grupo – e sim com fazer um grupo
sentir-se com poder outorgado. Não tem a ver com hierarquia, nem com “quem é o chefe”, não tem
a ver com administração nem com ter “seguidores”. Em especial, não tem a ver com um rótulo
permanente aplicado a um indivíduo.
Cada um de nós temos qualidades de liderança e é importante que elas sejam desenvolvidas –
todos temos de ser capazes de inspirar os outros e de começar alguma coisa nova.
Mas também temos de reconhecer que, dependendo da tarefa a ser executada, pode ser que
tenhamos de circular entre as funções exigidas – inspirador, executante, cronometrista, agente de
ligação, patrocinador, gravador, criador, arrumador, contribuidor, etc. Se quisermos nos tornar
pessoalmente resilientes (isto é, adaptáveis) e maximizar nossa contribuição para a transição da
comunidade, precisamos desenvolver também todos os atributos para estas funções.ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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Pode ser que o termo “líder”, no entanto, esteja tão contaminado que não funcione com seu grupo
de transição. Outras palavras podem ser utilizadas para descrever algumas das diferentes funções
necessárias neste campo: focalizador, catalizador, convocador, coordenador, eixo central,
planejador, iniciador. No final, não demora muito para que a palavra perca suas conotações e se
torne a “sua” palavra, definida pelas qualidades emergentes ligadas às funções e demonstradas
junto aos grupos.
Com relação ao consenso, seria ótimo se o tempo não fosse um recurso escasso. Acredito nas
soluções pragmáticas, desde que todos sintam que foram ouvidos de verdade, que tiveram a chance
de influenciar o grupo e que suas idéias foram avaliadas de maneira crítica mas construtiva. A
maioria das pessoas estará então preparada para:
• mudar de idéia (sem perder a dignidade)
• ver suas idéias combinadas a outras para formar algo diferente
• aceitar que o resto do grupo diverge, mas quer que sua opinião de minoria seja registrada
Diferenças e conflitos bem conduzidos normalmente melhoram a qualidade das decisões e o grau de
comprometimento com elas.
Estruturas emergentes para grupos-sementes
A maioria de nós reconhece que, nas Iniciativas de Transição, é necessário olhar para além dos
modelos hierárquicos tradicionais, mas não temos tempo para gastar todo o nosso esforço tentando
descobrir o que seria melhor.
No pequeno grupo que conduz a organização da Rede de Transição, adotamos uma estrutura
hierárquica temporária, paralelamente a um processo para encontrar o modelo mais adequado que
adotaremos no devido tempo e que poderá ser adotável/adaptável por quaisquer comunidades
individuais que estejam trilhando o caminho da transição. Caórdico (mistura de caos e ordem), Etapa
Natural, Sistema Viável, Mondragon, Cooperativa, Parecon e outras abordagens podem fazer parte
da mistura de um possivel modelo.
Também reconhecemos que há a necessidade de um certo nível de fluidez – algumas situações
exigem uma estrutura totalmente plana, outras exigem responsabilidade (isto é, entre as pessoas e
com os depositários de dinheiro da comunidade ou da rede) e outras precisam de pessoas que
assumam a liderança por um tempo determinado.
Não temos as respostas para isso, mas sabemos que as estruturas mais bem-sucedidas vão se
voltar à necessidade de resiliência, responsabilidade, adaptabilidade e cooperação. Ser ecléticos
pode ser fundamental.
Tempo
"Somos súditos do tempo e o tempo nos manda partir." - William Shakespeare
O que permeia toda essa tomada de decisão e entrada em ação é o imperativo do tempo. O caos
climático não vai esperar que se alcance um consenso (de 100%) com relação a todos os pontos,
nem tampouco o esgotamento do combustível fóssil.
O tempo pode não ser um desafio para o seu grupo. Se não for, vocês têm muita sorte.
O resto de nós temos encontrado uma grande quantidade de obstáculos para agir fora dos nossos
grupos. A última coisa que precisamos é aumentar os obstáculos com nossos próprios apegos
psicológicos aos dogmas ou paradigmas de determinadas formas de trabalhar.ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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O papel do governo local
O papel do governo local que começa a surgir - preferido tanto por autoridades administrativas como
pelas iniciativas de transição – é o de apoiar e não conduzir.
Sempre soubemos que o governo local iria ter um papel fundamental nas Iniciativas de Transição na
Grã-Bretanha e Irlanda. Ao longo dos últimos meses, temos visto que esse papel surge tanto nas
comunidades em transição já existentes como nas novas comunidades que estão em suas primeiras
etapas de contato conosco.
Nossa primeira surpresa foi ver o quanto os conselhos municipais estão prontos a se comprometer
seriamente com as iniciativas de transição em andamento.
A segunda é a quantidade de comunidades em que a primeira pessoa a entrar em contato conosco é
alguém do conselho municipal. Este é um fenômeno recente, que acolhemos de coração.
Listamos alguns exemplos abaixo.
Examplos de conselhos municipais que trabalham com Iniciativas de Transição
Totnes
No Schumacher College, em Totnes, autoridades locais se reuniram para examinar como a
compreensão do Pico do Petróleo e da Mudança Climática pode permear seu trabalho e suas
decisões. Participaram 23 conselheiros dos conselhos eclesiásticos locais, conselheiros
municipais e distritais, e também o membro do Parlamento local.
Um grande número de autoridades tem papel ativo nos grupos de transição dentro da iniciativa
em geral.
O Conselho Municipal endossou oficialmente a Iniciativa de Transição.
Lewes
Nós nos comprometemos com autoridades-chave do Conselho Distrital de Lewes desde
nossas primeiras reuniões, em janeiro. A partir de maio, quando se formou o novo conselho,
convidamos membros do Gabinete para nossos eventos e tivemos com eles conversas
informais. Um dos nossos membros concorreu e foi eleito para o conselho e dois novos
conselheiros apóiam ativamente a TTL.
Nosso objetivo é apoiar a Estratégia do Conselho para a Mudança Climática, e pedir a eles
apoio para lidar com o tema do Pico do Petróleo. O próximo passo é oferecer para fazer uma
apresentação sobre a TTL para a alta administração.
Stroud
Todo o gabinete do Conselho Distrital de Stroud participou de um encontro com Richard
Heinberg, em maio de 2007. Richard é o autor de três livros fundamentais sobre o Pico do
Petróleo, uma das maiores autoridades mundiais no assunto e em estratégias de mitigação.
Penwith
O Conselho Distrital de Penwith (PDC) tem sido um parceiro estratégico na Transição de
Penwith (TP) desde a formação do grupo em novembro de 2006.
O Conselho (PDC) concede à TP recursos como locais de encontro, equipamento, utilização
das salas do conselho para reuniões, apoio de marketing e desenvolvimento, aconselhamento
sobre parceria de trabalho e financiamento. Um funcionário do Conselho para as Comunidades
Sustentáveis participa do comitê da TP como tesoureiro.
Os dirigentes do Conselho têm dado apoio de diferentes maneiras. Um exemplo: o secretário
de Turismo Sustentável do Conselho de Penwith trabalha com a TP para fazer uma licitaçãoഊManual das Iniciativas de Transição
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Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
35
para que seja desenvolvido um modelo de Transição em Turismo para as penínsulas da
Europa. O secretário de Economia Rural do Conselho trabalha com a TP para levantar
financiamento e apoio para o reestabelecimento do mercado dos agricultores no centro de
Penzance e o desenvolvimento de um Projeto Agrícola Comunitário.
A TP se compromete ativamente com conselheiros paroquiais, conselheiros municipais (de
Hayle, St. Just, St. Ives e Penzance) e conselheiros distritais, e também com conselheiros
municipais da Cornualha. A TP tem um forte apoio do membro do Parlamento Andrew George,
que tem falado em eventos da TP e levado questões nossas ao Parlamento. Os prefeitos de
Penzance, St. Ives e St. Just têm comparecido aos eventos da TP e expressado seu apoio.
Examplos de primeiro contato com conselheiros e prefeitos
A seguir, há trechos de e-mails, correios de voz ou relatórios diretos de membros de grupos de
direção de Transições em andamento.
o Conselheiro Municipal: "Sou um conselheiro municipal na cidade de xxxx e tenho
acompanhado a rede de cidades em transição com enorme interesse... Estou tentando reunir
documentos, etc, que possam fazer um breve resumo sobre o que são as cidades em transição
para circular entre funcionários e dirigentes. Por favor, me diga onde procurar essas
informações."
o Prefeito: "Meu nome é xxxx, sou o prefeito de xxxx, em Warwickshire. Estou muito interessado
em usar este meu ano de mandado para dar início a algumas iniciativas verdes locais. Tenho a
intenção de organizar um evento no outono para lançar o programa. Estou muito interessado em
entrar em contato com você para conseguir que alguém de sua rede possa fazer um discurso
com as diretrizes básicas do programa nesse evento."
o Conselheiro Municipal: "Estou envolvido com um grupo que estabelece um projeto de
Transição em xxxx, Manchester, e gostaríamos de nos tornar um piloto para o resto da cidade."
o Presidente do Conselho Municipal: "Sou o presidente do Conselho Municipal de xxxx,
depois de ser conselheiro durante seis anos... Propus que o Grupo de Planejamento Comunitário
toque o projeto de “Transição” para a frente... O Manual é extremamente útil e espero pode
visitar Totnes em breve."
o Presidente do Conselho Municipal: (correio de voz) "Assumimos recentemente o Conselho
Municipal depois das últimas eleições, colocamos as Cidades em Transição no nosso programa
e agora precisamos acompanhar seus encontros para aprender mais sobre como apoiar a
comunidade no estabelecimento de uma Iniciativa de Transição."
o Oficial de Distrito de Planejamento Paroquial: "Planos paroquiais têm se concentrado cada
vez mais no desenvolvimento sustentável e em assuntos ‘verdes’, portanto o Plano de Ação para
o Declínio de Energia parece logicamente ser o próximo passo."
Recomendações sobre o envolvimento com o governo local
As recomendações a seguir foram feitas por dirigentes de governos locais com participação ativa em
iniciativas de transição em andamento ou em debates sobre ajuda potencial a comunidades que
queiram adotar e adaptar o Modelo de Transição. Em resumo, a melhor maneira de se engajar
parece ser "apoio, não condução".
o Presidente do Conselho Municipal: Enquanto acompanhava o apoio do Conselho ao
movimento das Cidades em Transição, umas das coisas que achei mais atraente foi o
envolvimento das organizações de base da comunidade. Na minha experiência, o melhor modeloഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
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entre todos é aquele em que o Conselho apóia e incentiva as várias comunidades, mas em que
grande parte ou a maior parte das iniciativas vem dos grupos comunitários.
Nós, enquanto conselheiros, temos de nos concientizar de que as Cidades em Transição não
são algo que concedemos à comunidade, não se trata de um distintivo ou um símbolo do
Conselho – é algo que vai acontecer de qualquer maneira. E o Conselho vai apoiar e
acompanhar desde o nascimento. Pode também ajudar a levar as idéias para partes da
comunidade que, de outra forma, não seriam alcançadas.
o Conselheiro Paroquial (Fundador da Transição Penwith): "Eu acredito piamente que as
Iniciativas de Transição precisam de engajamento e envolvimento do governo local em todas as
suas atividades, e que seu campo de influência precisa chegar até o governo central. É
fundamental que as Iniciativas de Transição se mantenham apolíticas e não se deixem
comandar pelos Conselhos, mas elas precisam do apoio e das informações deles. É importante
lembrar que o governo local está lá para apoiar a comunidade e, mais que isso, ele consiste de
pessoas que vivem e trabalham nas nossas comunidades. Está na hora de avançarmos para
além das fronteiras do ´eles e nós` e entender que temos de trabalhar todos juntos se for para
enfrentar de maneira eficiente os desafios que temos pela frente."
o Conselheiro local: Deixe as idéias surgirem da comunidade e se manterem sob o controle
dela. O trabalho do Conselho é facilitar, ouvir, provavelmente fornecer conselhos, contratos ou
financiamentos e – mais importante – garantir que a burocracia não atrapalhe as iniciativas das
organizações de base.
Não há dúvidas de que o um modelo de engajamento será desenvolvido ao longo do tempo. Por
enquanto, esta abordagem de apoio, não condução parece funcionar bem.
Como envolver as empresas
Há uma forte conjuntura nas empresas para a adoção de práticas mais sustentáveis, e isso vai aos
poucos encontrando seu espaço no pensamento empresarial corrente. A ênfase em
Responsabilidade Social Corporativa e na contabilidade Triple Bottom Line (critério para medir
sucesso organizacional levando em consideração os aspectos econômico, social e ecológico) são
passos na direção certa, além do mercado de carbono que pode gerar cortes substanciais na
emissão global de carbono. Nada disso, no entanto, responde à maneira pela qual o Pico do
Petróleo se fará sentir nos negócios que têm imensas redes de abastecimento ou que atendem
mercados em locais distantes.
Negócios com perspectivas de longo prazo e que têm consciência da sujeição à escassez de
combustível fóssil terão de estudar a dependência do petróleo na própria organização em relação à
economia globalizada em quatro áreas específicas: rede de abastecimento, detritos, utilização de
energia e mercados.
Exemplos de Totnes
Há muito trabalho em andamento na Cidade em Transição Totnes para ser observado nessas áreas.
Três exemplos são: um balanço da vulnerabilidade do petróleo, troca comercial e moeda local
complementar:
Um balanço da vulnerabilidade do petróleo propõe um olhar atento à possibilidade de a
elevação dos preços do petróleo causar impactos nos negócios, examinando os custos e a
disponibilidade de matéria prima, custos de energia de processos básicos e de transportes
para vendas e marketing. Uma vez que se consiga um modelo de custos, pode-se variar
de cenário com o petróleo a preços diferentes. Com a inevitável e dramática elevação dos
preços do petróleo e da energia em geral à frente, alguns setores de um negócio podem
se tornar inviáveis. Nesse caso, planos de mitigaçao podem ser postos em ação, talvezഊManual das Iniciativas de Transição
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Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
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encontrando alternativas em matéria prima encontrada localmente ou abrindo mercados
que seriam menos afetados pelos altos custos do transporte.
A troca comercial é um projeto que olha de maneira diferente para o lixo. Tem o objetivo
de reunir empresas em que o lixo de uma seja a matéria-prima da outra. Por exemplo, a
indústria da construção descarta grandes quantidades de madeira que podem ser usadas
por quem faça lascas de madeira para novos tipos de boilers domésticos.
Uma maneira especialmente high profile de desenvolver resiliência local no campo dos
negócios é lançar uma moeda complementar. Totnes continua sua experiência com a
moeda complementar ao produzir 10 mil libras de Totnes de segunda geração e lançar as
primeiras 2 mil nas semanas iniciais. Moedas locais reforçam a economia local ao evitar a
síndrome do balde que vaza, em que a riqueza gerada por uma comunidade vaza para a
economia mais ampla e geral. Até agora, 50 comerciantes locais se comprometeram a
aceitar essa libra em pagamento por bens e serviços.
Uma Cidade em Transição imagina um futuro mais “localizado” em que produção e consumo
ocorrem mais perto de casa. Em que as frágeis correntes de abastecimento, vulneráveis a
oscilações dos preços do petróleo, se tornaram proibitivamente caras e foram substituídas pelas
redes locais. Em que o consumo total de energia dos negócios caem de maneira substancial em
relação aos atuais níveis insustentáveis.
Estamos apenas arranhando a superfície de como podemos trabalhar com o comércio. À medida
que várias iniciativas de transição se desenvolvem, veremos surgir formas inesperadas de conexões
e novas maneiras de trabalhar. E isso é essencial, porque uma Iniciativa de Transição que fracassar
no trabalho criativo e ativo com a comunidade de negócios alcançará bem pouco sucesso.
Filmes para ampliar a conscientização
Nas mãos certas, estes podem ser instrumentos extremamente úteis. Em mãos erradas, podem ser
um peso para os espectadores com sentimentos de negatividade e desânimo, diminuindo sua
disposição de entrar em ação.
Três espécies de filmes valem a pena ser mostrados. São aqueles que:
• explicam o problema (como "End of Suburbia")
• criam inspiração para soluções (como "Power of Community" – o poder da comunidade) –
esses são pouco numerosos, mas temos ainda "Transition – The Movie!", rodado em 2007
• redespertam nossas mais profundas conexões com a terra e outras formas de vida com quem
compartilhamos este planeta
Filmes – conectar-nos novamente à natureza
Esta categoria de filmes é provavelmente melhor para se assistir em casa com um pequeno grupo de
amigos. O licenciamento é normalmente mais restritivo que outras categorias.
Esses filmes funcionam ao aproximar os tênues fios que ligam toda a vida no planeta e todas as
formas de vida entre si. Eles também ajudam a superar a perspectiva dominante antropocêntrica que
temos do planeta. Quando se observa uma aranha tecer uma teia debaixo d’água, encher-se de ar e
trazer sua presa para dentro da bolha onde será engolida, algumas das conquistas tecnológicas do
homem parecem de certa forma opacas. (“MicroCosmos”, distribuído por Pathe na Grã-Bretanha)
A lista a seguir, nesta categoria, é altamente recomendável:
• “Microcosmos” (melhor com o som baixo)
• “Baraka”
• “Koyaanisqatsi”ഊManual das Iniciativas de Transição
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• “Winged Migration” (recomendado por Rob Hopkins)
• “Princess Mononoke” (filme favorito de Stephan Harding do Schumacher College)
Filmes – Pico do Petróleo, Mudança Climática, economia, soluções possíveis
Como todos estes filmes, é importante criar um evento e não apenas uma exibição. Isso não é difícil
– aqui vai a receita:
1. Faça pessoalmente uma introdução ao filme, ao colocá-lo no contexto das esperanças gerais
para a sua comunidade
2. Antes da exibição, peça às pessoas que se virem para outras que não conheçam e, aos
poucos, apresentem-se e expliquem o que as levou até ali naquela noite.
3. Mostre o filme
4. Crie pares de pessoas (de preferência entre gente que não se conheça) e faça exercícios
ativos de falar e ouvir sobre suas impressões do filme (por exemplo, alguém fala durante três
minutos enquanto o outro ouve, e depois trocam de posição). Você pode dar dicas como: “Diga o
que lhe preocupa e o que lhe dá esperança no filme".
5. Faça uma rodada de perguntas & respostas sobre o Pico do Petróleo e/ou Mudança Climática
– o que tiver mais relação com o filme. Garanta que a pessoa que esteja respondendo saiba do
que está falando – ainda que não seja nenhuma vergonha dizer: “Não sei isso, mas posso
descobrir e depois falo com você”.
6. Cuidado com as perguntas do tipo “eu estou só nas profundezas do meu medo” – elas
geralmente são um pedido de aconselhamento ou conexão e podem paralisar todo o grupo. O
que pode funcionar em uma situação assim é tomar conhecimento do medo da pessoa e
perguntar à sala “se tem alguém ali também com medo daquilo, que levante a mão”. Levante a
sua primeiro e…. tenha esperança! A menos que você esteja em uma sala cheia de negações,
verá muitas mãos levantadas. Você poderá então explicar que o Modelo de Transição tem um
espaço para onde as pessoas podem ir com seus medos, um local de ação (normalmente
comandado pelo grupo “Coração e Alma”, depois de ser formado).
Os filmes recomendados estão listados abaixo.
Título e
detalhes
Crítica de Rob Hopkins a menos que haja
observação contrária
Grau
condena
ção
---------
Grau
solução
Onde conseguir
------------------
Licenciamento
------------------
Trailer
Valores
Produção
-------------
US / Euro
viés
“End of
Suburbia”:
Esgotamento
de petróleo &
colapso do
sonho
americano
------------------
2004
------------------
78 min
------------------
Canadá
http://transitionculture.org/?p=146
o O que eu adoro no filme é que não deixa nenhuma
porta convenientemente aberta nos fundos por onde se
possa escapar, cozinha de verdade sem petróleo, sem
infraestrutura de transporte, sem economia
globalizada, sem coisa alguma a não ser a
“localização”. É óbvio, não é? Ou só eu vejo isso?
Acho que o filme deixa tudo claríssimo.
o Tenho visto como algumas exibições do filme em
cidades agem, numa espécie de reflexo atrasado
(percepção tardia) como um catalisador de todas as
coisas que vêm a seguir.
alto
---------
lbaixo
www.powerswitch.org.uk/order.htm
------------------
Do site do filme: sinta-se livre para
exibir este documentário quantas vezes
quiser, desde que não seja para obter
lucro e que o DVD ou o VHS sejam
originais. Pode cobrar uma pequena
taxa de entrada para cobrir gastos ou
levantar fundos para um grupo não
lucrativo.
------------------
www.endofsuburbia.com/previews.htm
alto
----------
US
Pico do
Petróleo:
imposição da
Da internet:
o O DVD, de maneira geral, é difícil de assistir – não
alto
--------- www.powerswitch.org.uk/order.htm
med
-------------ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
39
natureza
------------------
2005
------------------
30 min
------------------
Noruega
porque seja um tédio, mas porque quem assiste chega
á conclusão que os modos de vida vão mudar. Junto
com o aquecimento global, nosso consumismo vai virar
lenda até os próximos 50 anos.
o Há muitos argumentos concretos difíceis de rebater.
Basicamente, o Pico do Petróleo é realmente verdade
– do carro que dirigimos até a fruta que compramos no
supermercado, nunca mais serão como eram antes. A
menos que você seja obscenamente rico, terá de fazer
imensos sacrifícios.
o Este DVD entrevista cientistas altamente respeitados
de todo o mundo, mas principalmente da Europa.
lbaixo
De acordo com Power Switch: sinta-se
livre para exibir este documentário
quantas vezes quiser, desde que não
seja para obter lucro e que o DVD ou o
VHS sejam originais. Pode cobrar uma
pequena taxa de entrada para cobrir
gastos ou levantar fundos para um
grupo não lucrativo.
www.powerswitch.org.uk/order.htm
Euro
O poder da
comunidade:
como Cuba
sobreviveu ao
Pico do
Petróleo
------------------
2006
------------------
53 min
------------------
EUA
http://transitionculture.org/2006/04/28/transition-culture-presents-
the-uk-premiere-of-the-power-of-community/#
more-315
o É um filme maravilhoso e inspirador que não se deve
perder.
o O filme foi lançado nos EUA e Irlanda para platéias
extasiadas
baixo
---------
alto
www.powerswitch.org.uk/order.htm
------------------
Do site do filme: "Todas as exibições
devem ser não-comerciais , mas uma
pode-se cobrar uma pequena taxa de
entrada para cobrir gastos ou levantar
fundos para um grupo não lucrativo."
------------------
www.powerofcommunity.org/
med
-------------
igual
“Crude
Impact”
(Impacto
brutal)
------------------
2006
------------------
97 min
------------------
EUA
http://transitionculture.org/2006/12/12/review-new-peak-
oil-film-crude-impact/#more-550
o De maneira clara e apaixonada, o filme apresenta o
argumento de que estamos perto ou no Pico, o que
sera uma transição de importância historica.
o Sofre por ser longo demais. Tem mais de 90 minutos
e, apesar da minha imensa vontade de assisti-lo, me
peguei fechando os olhos em alguns momentos.
o Pouca discussão sobre como nossas vidas poderão
ficar sem ele, mas este não é o objetivo do filme.
“Crude Impact” traz nossas mentes para o foco da
dependência do petróleo e também em tudo o que foi
feito para sustentar nossos hábitos. Visto assim, é um
poderoso instrumento para tentar acabar com nossos
hábitos coletivos.
med
---------
baixo
www.powerswitch.org.uk/order.htm
------------------
Para organizações não-lucrativas e
outras que queiram exibir o filme para
pequenos grupos de 50 pessoas ou
menos, sem cobrança de ingresso,
pedimos uma taxa de
exibição de $115 libras mais o custo do
DVD, que pode ser comprado on line.
Ou então entre em contato com
screenings@vistaclarafilms.com
------------------
www.crudeimpact.com/page.asp?conte
nt_id=9587
alto
-------------
US
“A Crude
Awakening”
(“Um bruto
despertar”): o
choque do
petróleo
------------------
2006
------------------
85 min
------------------
Suíça
http://transitionculture.org/2007/02/07/film-review-a-crude-
awakening-the-oil-crash/#more-586
o muito impressionante, a melhor exposição sobre o
Pico do Petróleo jamais apresentada num filme
o “Crude Awakening” (“Um bruto despertar”) mantém o
olhar no Pico do Petróleo e apresenta um resumo bem
demonstrado, com bom ritmo e bem editado sobre o
Pico do Petróleo e o que significará para todos nós.
o É um filme que evita o sensacionalismo e deixa que
os fatos falem por si. Não é exageradamente explícito
sobre os impactos que o Pico do Petróleo pode trazer,
mas permite que o espectador siga em frente nessa
linha de pensamento sozinho.
.
med
---------
baixo
Ainda não está à venda. Veja as
atualizações no site:
www.oilcrashmovie.com/dvd.html
------------------
ATUALIZADO em 23 de julho de 2007:
na Grã-Bretanha, o distribuidor é
Dogwoof Pictures. Lançamento
conematográfico sexta-feira, dia 9 de
novembro. Estamos estudando a
possibilidade de envolver todos os que
estão em Transição nos lançamentos.
Veja neste espaço.
------------------
www.youtube.com/watch?v=Or-TyPACK-
g
alto
-------------
igual
“Uma verdade
inconveniente”
http://transitionculture.org/2006/11/17/a-review-of-an-
inconvenient-truth/#more-530
alto
---------
Em todos os lugares!
------------------
alto
-------------ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
40
------------------
2006
------------------
100 min
------------------
EUA
o o que é mais eficaz neste filme é o fato de tornar
compreensível todo o tema para leigos. Poderia ter
ficado árido e enfadonho, mas é totalmente
absorvente. É bem editado e tem bom ritmo – confesso
que fiquei sentado na ponta da poltrona. Como um
filme produzido para chocar o mundo e levá-lo a agir,
tem muita força e, com sorte, será bem-sucedido.
o Ele ignora o Pico do Petróleo (um tema que tem
abordado amplamente desde então), que afetaria
profundamente muitas de suas soluções propostas. Ele
não assume na verdade o fato de que o capitalismo
global teve um grande papel na criação da confusão da
mudança climática. Suas soluções sugerem que
lâmpadas de baixo consumo sozinhas são capazes de
salvar o planeta e que o biodiesel pode ser usado por
todos os veículos – em outras palavras, tudo pode
continuar como antes com alguns pequenos enfeites
verdes.
o Al Gore apresenta a situação de maneira clara,
tocando as cordas certas e concluindo ao dizer às
pessoas que ainda há tempo para evitar os piores
cenários. Tudo isso ele faz de maneira brilhante.
baixo Atualizado dia 7 de novembro. Primeiro
você terá de se associar a Filmbank, e
fazer um depósito de 150 libras. A
locação, mesmo para exibições não-comerciais,
custa 75 libras, e mais 15
libras para embalagem e correio.
Filmbank pode ser contatado no
número: 44120 7984 5957/5958
www.filmbank.co.uk
A Paramount, no entanto,.poderá
autorizar as Iniciativas de Transição a
exibir este filme de graça – o assunto
está em discussão entre as partes.
(OBS: no dia 7 de maio, uma exibição
comunitária grátis será feita no salão
da vila de Wolvercote para 75 pessoas,
autorizada a gratuidade pela
Paramount)
------------------
www.climatecrisis.net/trailer/
igual
“Escape from
Suburbia”:
além do sonho
americano
------------------
2007
------------------
??
------------------
EUA
Do site do filme
o “The END of SUBURBIA” explora o modo mericano
de viver e suas perspectivas à medida que o planeta
entra na era do Pico do Petróleo.
o O resumo bem pouco entusiasmado de Rob Hopkins
está em: http://transitionculture.org/2007/08/17/a-review-
of-escape-from-suburbia/
o Vários críticos britânicos acharam as histórias
pessoais menos comprometedoras, com sua ênfase
em uma atitude do tipo “vamos escapar” e não
“transforme o local onde está”, e pouco realistas. O fato
é que simplesmente não há lugares suficientes para
onde se possa escapar!
medium
---------
baixo
www.escapefromsuburbia.com
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Exibição autorizada para organizações
ambientais e ligadas ao Pico do
Petróleo, não-lucrativas: pode ser feita
de graça em reuniões com seus
membros.
------------------
www.youtube.com/watch?v=J2y9BbNjL
AY
alto
-------------
US
Energy
crossroads
(encruzilhada
energética):
uma
necessidade
ardente de
mudar de
rumo
------------------
2007
------------------
54 min
------------------
EUA
De Mike Grenville de TT Forest Row:
o O filme está centrado na situação dos EUA, mas tem
relevância no resto do mundo e tem um ponto de vista
positivo sobre os temas “onde estamos” e “o que pode
ser feito”.
Do site do filme:
o À medida que a população global e seu apetite por
energia aumentam consideravelmente, os temas mais
urgentes para a humanidade nos dias de hoje são a
escassez energética e o aquecimento global.
o A maioria dos especialistas concorda que o Pico do
Petróleo mundial, quando a demanda superar a
produção, vai ocorrer nos próximos 15 anos e vai
alterar drasticamente a estrutura do nosso mundo
industrializado.
o Está claro que, para que possamos sobreviver a
nossas sociedades destrutivas, teremos de mudar de
rumo radicalmente e o mais depressa possível.
o Cientistas e especialistas concordam que o uso de
energia renovável - como a solar e a eólica – acoplado
a uma maior eficiência e conservação, serão fatores-chave
na preservação de nossa qualidade de vida e
abrirão caminho para um mundo sustentável para as
nossas crianças.
alto
---------
alto
www.energyxroads.com/buydvd.html
-------------------------
Politica de exibição pública:
A compra dos direitos da versão em
DVD (59.95 libras) para exibição
pública dá a você e a sua organização
o direito de exibir o filme publicamente
em um local que não seja um cinema
quantas vezes quiser, desde que não
seja cobrado ingresso. Este DVD
educativo tem uma hora a mais de
bônus, que inclui um documentário de
25 minutos produzido em 1974, logo
depois da crise do petróleo, entrevistas
e outras.
-------------------------
www.energyxroads.com/trailer.html
alto
-------------
US
“Money as
debt” (dinheiro
e débito)
De www.themoneymasters.com
o Esta excelente e divertida animação, feita pelo artista
gráfico e cinegrafista Paul Grignon, explica, em
alto
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http://www.moneyasdebt.net/
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Do editor: "compre uma caixa de dez,
ok – usa
anima ção
simplesഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
41
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2006
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47 min
------------------
Canadá
detalhes cuidadosos, o perverso sistema financeiro
monetário dos dias de hoje.
De Ben Brangwyn, da Rede de Transição
o Essencial para todos assistirem. Explica, de maneira
simples e clara, a ascenção do sistema bancário desde
sua origem até sua forma mais dominante de hoje.
Basicamente, sem uma reforma monetária e a
remoção da base do sistema débito/juros da economia,
todas as tentativas em favor da sustentabilidade estão
fadadas ao fracasso.
o Fará você ter vontade de estabelecer uma moeda
local em sua comunidade!
o Talvez seja melhor utilizado como um instrumento de
conscientização para idenficar as pessoas que
formarão o grupo da Economia em sua Iniciativa de
Transição
alto no atacado, com os direitos de exibição
incluídos. Faça exibições GRÁTIS (ou
por doação) e venda-os no varejo".
Ben observa: a caixa de dez no
atacado com TODOS OS DIREITOS
DE EXIBIÇÃO custa 135 libras CAD (o
que dá cerca de 55 libras). Se você
vender no varejo por 10 libras, vai
recuperar seu gasto num lote de dez.
Meu palpite é que, numa exibição, ao
menos 12 espectadores vão comprá-lo.
-------------------------
http://www.moneyasdebt.net/ click
Trailer
com
excelente
narra ção
-------------
relevanteao
mundo
todo
“11th Hour”
(11a. hora)
(produzido por
Leonardo
DiCaprio)
------------------
2007
------------------
Full length
------------------
EUA
De um colega na Grã-Bretanha:
Aí vão algumas coisas boas:
o não é tudo sobre Leonardo, ele não faz muitas
coisas, e deixa os especialistas falarem
o não é apenas sobre aquecimento global e mudança
climática – mas capta temas mais amplos de
sustentabilidade
o é surpreendentemente audacioso em suas críticas às
corporações e ao governo americano, e também
questiona a idéia de um interminável crescimento
econômico
o consegue se tornar filosófico e profundo a respeito do
papel dos humanos na terra, etc, enquanto ainda é fácil
de acompanhar
o termina de maneira positiva. Os dois terços iniciais do
filme são profundamente deprimentes, mas a última
parte dá uma virada e termina de maneira revigorante.
Alguns pontos fracos são:
o muito centrado nos americanos (ainda que eu não
ache isso necessariamente um problema)
o a parte sobre “o que você pessoalmente pode fazer”
é talvez um pouco fraca.
alto
---------
alto
Por enquanto, lançamento apenas nos
cinemas
-------------------------
Aguardamos os detalhes
-------------------------
http://wip.warnerbros.com/11thhour/
muito alto
-------------
relevanteao
mundo
todo
“The great
warming” (“O
grande
aquecimento”)
------------------
2006
------------------
Full length
------------------
Canadá
De Ben Brangwyn, da Grã-Bretanha:
Apoio da Federação Americana de Vida Selvagem (US
National Wildlife Federation)
Prós:
o refere-se a mecanismos de feedback, como vapor de
água – essa parte é freqüentemente pouco enfatizada
o muitas pessoas inspiradas em vez de algum político
famoso que dirija/voe/apresente
o impactos de amplo alcance, um olhar sobre a
agricultura mundial, nível dos mares, secas, até
mesmo a Barreira do Tâmisa – uma parte assustadora
, se você por acaso trabalhar no térreo do prédio do
Parlamento inglês
o Não muito centrado nos EUA
Contras:
o ênfase excessive nas soluções tecnológicas como a
“economia do hidrogênio” e árvores feitas pelo homem
que colhem (retiram) o carbono da atmosfera
o pouca ênfase na mudança de nossa relação básica
com o planeta
alto
---------
med
https://www.thegreatwarming.com/order
form.php
-------------------------
Detalhes sobre licenciamento
solicitados no site
-------------------------
http://www.thegreatwarming.com/
muito alto
-------------
relevanteao
mundo
todo
“What A Way
To Go” (que
De Ben Brangwyn, na Grã-Bretanha:
Prós: alto www.whatawaytogomovie.com
-------------------------
muito alto
-------------ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
42
modo de ir): a
vida no final
do império
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2007
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123 minutos
------------------
Canadá
o jornada pessoal explícita e poderosa através do
pesadelo ecológico da civilização. Se você nunca leu
Derrick Jensen ou Ran Prieur ou assistiu "End of
Suburbia", pode ser uma visão desagradável
(espinhosa). Por outro lado, se assistiu ou leu, é
fundamental vê-lo.
o cobre um amplo terreno – discute a confluência do
Pico do Petróleo, alterações climáticas, esgotamento
dos recursos naturais e população
Contras:
o poucas soluções
o praticamente inexiste esperança, pressupõe que a
civilização entrará em colapso antes de alcançarmos
um modo sustentável de viver – não há pensamentos
de “transição”
---------
baixo
Licenciamento para uma exibição para
pequeno público custa 50 libras
Pacote de DVDs com dez custa 210
libras
Concessão de licenciamento
institucional custa 197 libras
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www.whatawaytogomovie.com/trailers/
relevante
ao mundo
todo
“Message in
the waves”
(“Mensagem
nas ondas”)
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2007
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123 minutos
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BBC
NaturalWorld
(mundo
natural) 2007
De Ben Brangwyn, da Grã-Bretanha:
Prós:
o lindamente filmado, um olhar inspirado mas de
despedaçar o coração sobre o que os plásticos e o lixo
estão fazendo com nossos mares e a vida marinha, em
especial no Havaí
o inspirou Modbury a acabar com as sacolas de
plástico, uma iniciativa que deve ser seguida por
muitas outras cidades em breve, inclusive na China
(talvez)
Contras:
o muitas cenas de surfe e praias (pode-se dizer que
são um bônus!)
o você nunca mais vai querer usar um saco plástico
novamente (outro bônus?)
alto
---------
baixo
http://www.megaupload.com/?d=7HNO
TYWA
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A BBC estava dando os DVDs, mas
eles acabaram. Eles colocaram para
download grátis num servidor obscuro
e bem pouco confiável. Eu consegui
baixar e coloquei no nosso servidor de
download rápido
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http://www.messageinthewaves.com/
muito alto
-------------
relevante
ao mundo
todo
“Manufactured
Landscapes”
(paisagem
fabricada)
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2007
------------------
90 minutos
------------------
Canadá
De James Samuel,a Ilha de Waiheke em Transição, na
Nova Zelândia:
"Este filme me deixou com palpitações, em choque
diante da magnitude e proporções mostradas pela
filmagem. Nunca tinha visto nada assim. Começa com
um olhar para… a China industrializada. O filme mostra
uma outra realidade, que existe simultaneamente com
a nossa, e da qual não estamos separados – somos
parte dela e contruibuímos para ela.
A narração de Edward Burtynsky é breve e intermitente
– o suficiente para botar os pingos nos “is”. E fala do
Pico do Petróleo."
alto
---------
baixo
http://www.mongrelmedia.com/films/Ma
nufacturedLandscapes.html
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Ainda não há licenciamento para
exibição para grupos
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http://www.youtube.com/watch?v=67j7Jl
EZzpQ
muito alto
-------------
relevante
ao mundo
todo
Rede de Transição
Paralelamente aos esforços de Totnes, criamos uma organização sem fins lucrativos nacional, a
“Rede de Transição”, para apoiar as Iniciativas de Transição que estão brotando na Grã-Bretanha e
Irlanda.
O objetivo dessa organização sem fins lucrativos, com financiamento inicial do Tudor Trust e da
Esmee Fairbairn Foundation, está centrado em:
"inspirar, incentivar, apoiar, formar rede e treinar comunidades que estejam pensando em
adotar, adaptar e implementer o modelo de transição para estabelecer uma Iniciativa de
Transição em seu local. O modelo estimula as comunidades a encarar de frente o Pico do
Petróleo e a Mudança Climática, a desencadear o talento coletivo de seus moradores,
reconstruir seriamente a resiliência (para responder ao Pico do Petróleo) e reduzir
drasticamente as emissões de carbono (para responder à Mudança Climática)".ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
43
Estamos reunindo uma grande quantidade de dados, montando cursos de treinamento, eventos,
ferramentas & técnicas, recursos e uma capacidade geral de apoio para ajudar essas comunidades.
Estamos no início e há muito o que fazer – mas vamos chegar lá!
A organização sem fins lucrativos fica em Totnes, para estar perto das principais inovações que
estão acontecendo agora. A visão para as Iniciativas de Transição é a de um país resiliente diante
dos desafios criados pelo Pico do Petróleo e que reduziu drasticamente as emissões de carbono.
Para ter uma idéia do tamanho da tarefa que temos, há 11 mil vilas e municípios só na Inglaterra e
no País de Gales, e mais 60 cidades e um grande número de comunidades rurais. Cada um deles
precisará fazer a transição para um modo de vida com muito menos energia.
Nós demonstramos coletivamente altos índices de ingenuidade e talento quando estávamos na
curva ascendente da energia. Não há razão para não usarmos essas mesmas qualidades para
planejar nossa curva descendente. Realmente, se começarmos a trabalhar logo e com suficiente
criatividade e capacidade de inclusão, podemos descobrir que a vida com menos energia terá uma
melhoria qualitativa com relação a essa existência desconectada que muitos de nós levamos.
Conclusão
Os três níveis de ação – global (exemplo: Kyoto, protocolo de esgotamento de petróleo e C&C),
nacional (exemplo: cotas de energia negociáveis) e local (exemplo: iniciativas de transição) –
oferecem muitas promessas para ajudar a humanidade a atravessar a grande transição de energia
do século XXI. Com colaboração, coordenação e um vento a favor, temos o potencial para criar um
mundo mais pleno, mais justo e mais sustentável.
O desafio é encontrar formas proativas de se navegar a onda descendente do Pico do Petróleo ao
mesmo tempo em que lidamos com a Mudança Climática.
Nós, enquanto espécie, querendo ou não vamos entrar numa transição para um futuro de energia
mais baixa. Melhor tentar surfar nessa onda do que ser engolido por ela.
Outras leituras
Links atualizados até 20 de junho de 2007.
Sobre Transição de Comunidade
• “Energy Descent Pathways: Evaluating potential responses to Peak Oil”, de Rob Hopkins,
publicação própria MSc thesis, disponível em inglês no site: www.transitionculture.org/?page_id=508
Sobre o Pico do Petróleo
• Boletim sobre Energia
o excelente manual sobre o Pico do Petróleo: www.energybulletin.net/primer.php
o notícias variadas sobre temas ligados a energia: www.energybulletin.net
• ASPO – Association for the Study of Peak Oil (Associação para o Estudo do Pico do Petróleo):
fonte de muita informação e inspiração e onde começou a conscientização do Pico do Petróleo.
o www.peakoil.net/ഊManual das Iniciativas de Transição
Transition Iniatives UK and Ireland Produced by Transition Network
Tradução Christina Pinheiro Revisão May East Dezembro 2008
44
• The Hirsch Report (o relatório Hirsh)– produzido pelo governo dos EUA em 2005. Quase se perdeu
até se tornar famoso em 2006. Extraordinário pelo inequívoco alerta para uma urgente entrada em
ação para reduzir os efeitos do Pico do Petróleo.
o www.netl.doe.gov/publications/others/pdf/Oil_Peaking_NETL.pdf
• “The Last Oil Shock” (o último choque do petróleo), de David Strahan (2007); um manual de
sobrevivência para a iminente extinção do homem petrolífero. Publicado por John Murray.
Provavelmente o melhor livro sobre o Pico do Petróleo e suas conseqüências para a Grã-Bretanha.
Notícias atualizadas em: www.davidstrahan.com/
• Richard Heinberg: qualquer um de seus livros.
o The Party’s Over: Oil, War and the Fate of Industrial Societies
o Powerdown: Options and Actions for a Post-Carbon World
o The Oil Depletion Protocol : A Plan to Avert Oil Wars, Terrorism and Economic Collapse
o Além desses, seus ensaios sobre o Pico do Petróleo aparecem freqüentemente no site do Energy
Bulletin (boletim sobre energia), já mencionado.
• Pico do Petróleo Explícito: um site para pessoas que querem gráficos, informações e análises
complexas. Impressionante nível de pesquisas. Algumas vezes dirigido apenas a entendidos:
www.theoildrum.com
Mudança Climática
• The Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudança
Climática) – o organismo mundial mais importante sobre Mudança Climática
o www.ipcc.ch
• Comentário de cientistas especializados em clima sobre novas histórias sobre violações climáticas
o www.realclimate.org
• Hadley Centre – o organismo municipal que pesquisa os potenciais efeitos da Mudança Climática.
o www.metoffice.gov.uk/research/hadleycentre/
Detalhes para contatos
Ben Brangwyn, co-fundador e-mail da Rede de Transição:
benbrangwyn@transitionnetwork.org fone: 0044 5601 531882 - skype: benbrangwyn

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